A RELÍQUIA (EÇA DE QUEIRÓS): ANTICLERICALISMO E (ANTI)RELIGIOSIDADE PARA ALÉM DA PAIXÃO DE CRISTO
Ribanceira
A RELÍQUIA (EÇA DE QUEIRÓS): ANTICLERICALISMO E (ANTI)RELIGIOSIDADE PARA ALÉM DA PAIXÃO DE CRISTO
Autor Correspondente: A.A.Nery | [email protected]
Palavras-chave: Eça de Queirós; A RelÃquia; Anticlericalismo; (Anti)Religiosidade
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
Na obra Portugueses Somos (s.d), Joel Serrão (1919-2008) afirma que, embora não se configure como tema principal, o anticlericalismo será para toda a Geração de 70 a forma de renegar anos de atraso e de purgar a culpa que a Igreja Católica teria por ser uma das responsáveis pela situação de decadência e marasmo que Portugal vivenciava no contexto do século XIX. Porém, quando volvemos a atenção especificamente para a obra de Eça de Queirós, um dos mais proeminentes participantes da Geração de 70, notamos que o discurso literário do autor não propaga somente uma simples crÃtica ao clero, mas pressupostos que vão desde a relativização de valores caros ao Cristianismo até a questionamentos lançados ao caráter transcendente da Religião. No intuito de comprovar tal proposição, volverei meu olhar neste trabalho para A RelÃquia, narrativa publicada por Eça de Queirós em 1887, cuja temática religiosa está presente na totalidade da obra, principalmente no terceiro capÃtulo, quando o narrador/protagonista, Teodorico Raposo, sonha com os últimos momentos de Cristo, realizando longo diálogo paródico com os Evangelhos canônicos. Entretanto, nesta leitura não me deterei sobre as caracterÃsticas desse interessante capÃtulo e sim na averiguação das cenas de A RelÃquia que o antecedem e o sucedem, buscando confirmar que a crÃtica veiculada por Eça de Queirós, não somente na narração do extenso sonho, mas em todos os outros capÃtulos da ficção, aponta para elementos complexos relacionados a uma (anti)religiosidade que ultrapassa o mero anticlericalismo.