Neste artigo, buscou-se evidenciar a relação existente entre o enquadramento dado pela imprensa a determinado fato e o processo de accountability desencadeado. Ademais, buscou-se refletir, também, sobre a limitação das discussões, nas esferas deliberativas, relativas à s questões publicizadas pela imprensa. Essa reflexão apoiou-se na análise das narrativas jornalÃsticas publicadas sobre um dos episódios do escândalo polÃtico Renan Calheiros: a denúncia publicada pela revista Veja de que o então presidente do Senado Federal havia utilizado "laranjas" para se tornar sócio oculto de duas rádios e um jornal no Estado de Alagoas. Observou-se, nessa narrativa, que a grande imprensa não abordou o fato de ser vedada aos parlamentares a posse de concessões de emissoras, tampouco gerou representações contra Calheiros no Senado, ou seja, aquilo que não foi publicizado pela imprensa não gerou deliberações.
This study aimed to highlight the existing relationship between the way certain facts
are framed by the press and the process of accountability. Furthermore, it also
aimed to reflect on the limitation of the discussions in the deliberative spheres relative
to the issues publicized by the press. This reflection was based on the analysis of
journalistic narratives published about one of the episodes that made up the Renan
Calheiros political scandal: the accusations published by Veja magazine that former
President of the Senate had used “orange†to become a hidden partner in two radios
and a newspaper in the state of Alagoas. It was observed that the fact that it is illegal
for elected officials to have concessions in broadcast stations was not discussed by the
press, therefore, not generating representations against Calheiros in the Senate,; in
other words, what was not published by the press did not generate deliberations.