INTRODUÇÃO: A atividade física (AF) rotineira é recomendada no manejo da fibrose cística (FC) devido a benefícios decorrentes de sua prática, como: melhora do condicionamento cardiorrespiratório, do fortalecimento e da resistência do sistema musculo esquelético. No entanto, apesar de suas vantagens, pouco se sabe se há relação entre a AF e aspectos como a gravidade da doença e a qualidade do sono (QS) de crianças e adolescentes com FC.
OBJETIVO: Descrever a realização da prática de AF e a avaliar a relação entre a prática de AF, gravidade da doença e a QS na população pediátrica com FC.
METODOLOGIA: Estudo analítico transversal avaliou indivíduos com FC, com idades entre 4 e 14 anos, em acompanhamento no ambulatório de FC de um centro de referência. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos do referido centro e tanto responsáveis quanto pacientes assinaram os termos éticos. Os dados referentes ao nível de AF foram coletados por meio de perguntas objetivas quanto a sua realização (sim ou não), e perguntas subjetivas quanto ao tipo de atividade e a frequência semanal foram registradas. A QS foi avaliada por meio do questionário Sleep Disturbance Scale for Children (SDSC), no qual escores maiores que 39 são classificados como com propensão aos distúrbios do sono (DS). A gravidade da doença foi coletada via prontuário e classificada pela equipe médica pelo Escore de Shwachman-Doershuk (ESD) como: graves indivíduos com pontuação <40, moderados entre 40-55, leves entre 56-70, bom entre 71-85 e excelentes entre 86-100 pontos. Procedeu-se a análise estatística dos dados pelo Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 29.0. A distribuição dos dados foi verificada pelo teste Shapiro-Wilk e empregou-se estatística descritiva e frequências. Realizou-se o teste qui-quadrado para verificar correlação entre as variáveis, com nível de significância de 5% em todos os testes.
RESULTADOS: Participaram do estudo 26 crianças e adolescentes, com média de idade 10,20±3,79 anos, sendo 50% deles classificados com ESD excelente e 37,5% como bom. Em relação a AF, 95,83% responderam serem fisicamente ativos e, destes, 79,16% praticantes de alguma AF específica como: participação na educação física (37,5%), futebol (8,3%) e vôlei (8,3%). A maioria dos participantes informou a realização de AF entre 1-2x na semana (33,33%) e entre 3-4x por semana (29,16%). Em relação à QS, 70,83% dos participantes apresentam propensão a DS. Não houve correlação entre a prática de AF e a QS (p=4,37), nem entre a AF e a gravidade da doença (p=0,51).
CONCLUSÃO: Não foi identificada relação entre a prática de AF, gravidade da doença e a QS na população pediátrica com FC analisada. Sugere-se outras investigações em amostras maiores.