O objetivo geral deste texto é discutir alguns aspectos da constituição da designação no acontecimento de enunciação. Tal como temos feito, tratamos a designação a partir da posição que considera a relação com as coisas como produzida pela significação da linguagem: a produção da designação se dá pelo modo como se constitui a alocução no acontecimento de enunciação. A alocução é uma relação, dizendo de modo genérico, entre aquele que diz e aquele para quem se diz. As relações da alocução têm sido consideradas na semântica da enunciação, tal como tenho feito, no que chamo de cena enunciativa, que se organiza pelo agenciamento do falante, de um lado, em Locutor (o lugar daquele que diz) e, de outro, em alocutor (o lugar social do dizer), ambos com seus correlatos correspondentes: Locutário e alocutário. De outra parte, o acontecimento de enunciação estabelece, pela divisão dos lugares própria do agenciamento, uma outra relação: entre o enunciador (lugar de dizer) e aquilo sobre o que se diz. Neste quadro meu interesse é pensar esta relação com o que se diz, que constitui as designações, na sua relação com a alocução e assim refletir sobre como a produção da significação constitui a designação e assim torna possível a referência. Para isso vou procurar olhar para uma relação no interior dos enunciados que é capaz de nos colocar claramente diante do funcionamento da designação. Ao olhar para a própria construção linguística somos levados a olhar para a constituição de sua relação com aquilo de que fala.