Ao comparar as visões de Jürgen Habermas e Jacques Rancière a respeito da comunicação, da estética e da
polÃtica, pretendo evidenciar que a formação de uma comunidade polÃtica expressa a tensão entre o próximo
e o distante, o semelhante e o dessemelhante, o próprio e o impróprio. Ela mostra as fissuras e fragmenta a idéia do grande corpo social protegido por certezas partilhadas e amplamente unido por princÃpios
igualitários previamente acordados e quase nunca colocados à prova. Ao recuperar os conceitos habermasianos de “mundo da vida†e “comunidade ideal de falaâ€, contrastando-os à s noções de “desentendimento†e “comunidade de partilha†elaboradas por Rancière, argumento que a constituição de
uma comunidade polÃtica deve revelar que a partilha de um mundo comum é feita, ao mesmo tempo, da
tentativa de estabelecer ligações entre universos fraturados e da constante resistência à permanência desses vÃnculos.
The aim of this paper is to compare Jürgen Habermas’ and Jacques Rancière’s views regarding
communication, aesthetics and politics, in order to evidence that the formation of a political community
express the tension between the familiar and the strange, the proper and the improper, the friend and the
enemy. This formation process shows the gaps and breaks up the idea of the great social body protected by
shared certainties and strongly unified by egalitarian principles previously accorded and almost never
challenged. The habermasian concepts of “world of the life†and “ideal community of speak†are confronted
to the notions of “dissensus†and “community of share†elaborated by Rancière, to show that the
constitution of a political community must disclose that the partition of a common world is made, at the
same time, of the attempt to establish bonds between broken universes and of the constant resistance to the permanence of these bonds