Objetivos: Descrever um episódio de exposição coletiva a raticida do grupo superwarfarin e revisar a literatura a respeito do tema.
Descrição dos casos: Cerca de 40 pessoas, incluindo crianças, ingeriram alimento contaminado por raticida em escola pública de ensino fundamental de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foram registrados 34 casos individuais de ingestão acidental no Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul. O caso foi amplamente divulgado na imprensa local. Após avaliação médica inicial, 19 pacientes apresentaram sintomas inespecÃicos (como náuseas, dor abdominal e xerostomia), enquanto os outros permaneceram assintomáticos. Todos os pacientes foram acompanhados laboratorialmente, mediante controle do tempo de protrombina. Três deles apresentaram prolongamento do tempo de protrombina, tendo recebido vitamina K para reverter a coagulopatia. Dados locais e a revisão da literatura indicam que as exposições a raticidas da famÃlia dos superwarfarins são bastante frequentes. A ação desses agentes tóxicos ocorre principalmente sobre os fatores de coagulação produzidos pelo fÃgado e dependentes de vitamina K.
Conclusões: Os pacientes expostos ao superwarfarin evoluÃram bem, concordando com a literatura publicada, que indica que casos graves são incomuns. O seu acompanhamento e tratamento seguiu a indicação de utilizar a vitamina K como antÃdoto apenas nos casos em que se detecta efeito clÃnico ou laboratorial do agente tóxico.
Aims: To describe an episode of collective exposure to rodenticide of the superwarfarin group and to review the literature on the subject.
Cases description: About 40 people, including children, ate food contaminated with rodenticide in a public elementary school in Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Thirty-four individual cases of accidental ingestion were reported to the Toxicology Information Center of Rio Grande do Sul. The case was widely publicized in the local press. After initial medical evaluation, 19 patients had nonspeciic symptoms (like nausea, abdominal pain and dry mouth), while the other remained asymptomatic. All patients were monitored by controlling the prothrombin time. Three of them showed prolongation of prothrombin time and received vitamin K to reverse the coagulopathy. Local data and the literature review indicate that exposures to rodenticides of the family of superwarfarins are frequent. The toxic action of these agents occurs mainly on
clotting factors produced by the liver and vitamin K-dependent.
Conclusions: The patients exposed to superwarfarin had a good outcome, in accordance with published literature, which indicates that severe cases are rare. The monitoring and treatment followed the indication of vitamin K as antidote only in cases where clinical or laboratorial effect of the toxic agent is detected.