Em 24 de agosto de 410 d.C.1, a cidade de Roma foi saqueada pelos visigodos comandados por Alarico. Tal episódio contribuiu para que os pagãos questionassem a nova ordem polÃtica e religiosa vigente no Império Romano a tempora christiana. Naquele tempo, Agostinho (354-430), bispo da cidade de Hipona, norte da Ãfrica romana, foi um dos principais personagens do debate entre cristãos e pagãos, além de também ter sido um dos maiores personagens da história da Igreja cristã e da humanidade. Este acontecimento em Roma levou o bispo Agostinho de Hipona a elaborar sua réplica aos pagãos – uma apologia ao Cristianismo – feita por meio dos XXII Livros da De Civitate Dei. A réplica foi dirigida aos aristocratas pagãos defensores do mos maiorum. Este artigo pretende explicitar na perspectiva metodológica culturalista como foi divulgada e lida a magna obra Cidade de Deus o bispo de Hipona, Agostinho – tendo em vista que esse trabalho agostiniano nos apresenta a luta simbólica da cristalização da estrutura identitária cristã na Antiguidade Tardia.
The city of Rome was sacked on August 24th, 410 A.D. by the Visigoths under Alaric’s command. This episode led pagans to argue about the new political and religious order then adopted in the Roman Empire – the tempora christiana. At that time, Augustine (354-430), who was the Bishop of the city of Hippo (north of the Roman Africa), was one of the most important figures of the dispute between Christians and Pagans, as well as one of the most remarkable characters in the History of the Christian Church and of mankind. The sack of Rome led Bishop Augustine of Hippo to write his replies to Pagans – an apology to Christianity – throughout the XXII Books of the De Civitate Dei. This response was presented to the aristocratic pagans that defended the mos maiorum. This paper aims at clarifying, according to the cultural and methodological perspective, how that great work City of God the bishop of Hippo, Augustine was read and distributed – as this Augustinian work presents the symbolic struggle of the crystallization structure of Christian identity in Late Antiquity.