Nas fábricas integradas de celulose e papel, o efluente gerado pela máquina de papel pode ser considerado um efluente setorial, denominado de água branca, devido à concentração elevada de cálcio. Neste trabalho foram realizados experimentos com objetivos de compreender o comportamento do efluente em função do pH e desenvolver metodologias de remoção de cálcio da água branca, de
modo a proporcionar o reuso da água e a recuperação de cálcio. Titulações potenciométricas foram realizadas com HCl 0,022 mol L-1 e com NaOH 0,025 mol L-1 padronizados, após ajuste de pH do efluente em 12,0 e 2,0 respectivamente, às quais indicaram pontos de inflexão referentes à carbonato, bicarbonato e caulim, componentes com capacidade de interação com o cálcio solúvel. Os métodos de
remoção de cálcio consistiram de coprecipitação/adsorção com hidróxidos de ferro (III) e de alumÃnio e precipitação na presença de oxalato de sódio. Os resultados apontaram que em baixas concentrações de sulfato férrico e sulfato de alumÃnio, a coprecipitação de cálcio é baixa. Nos ensaios de adsorção na presença de Fe(OH)3 e Al(OH)3, notou-se que o aumento da concentração de sulfato férrico
possibilitou um ligeiro aumento da remoção de cálcio (16,5 a 31,0%), chegando a 65,0% na soma dos processos de adsorção/precipitação em pH 10,0. No caso do sulfato de alumÃnio as porcentagens de remoção foram indiferentes (~ 10,0%). Em relação à precipitação de Ca2+ na presença de oxalato, observou-se remoção de porcentagens satisfatórias na forma de oxalato de cálcio (75% a 87%), mantendo-se o efluente com condutividade e pH praticamente inalterados, o que é muito desejável, já que o aumento da condutividade do efluente tratado na reutilização provoca efeito de quebra das folhas de papel. O oxalato de cálcio recuperado pode ser calcinado, sendo convertido a carbonato de cálcio, para posterior reuso. Testes em escala piloto devem ser realizados com o objetivo de validar o reuso da água e do cálcio provenientes da máquina de papel.