Representação, consenso e a institucionalização excludente do conhecimento: um olhar crítico para IPCC e IPBES

Temáticas

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ISSN: 2595-315X
Editor Chefe: Maria Caroline Marmerolli Tresoldi
Início Publicação: 23/09/2020
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Representação, consenso e a institucionalização excludente do conhecimento: um olhar crítico para IPCC e IPBES

Ano: 2022 | Volume: 30 | Número: 60
Autores: Galbiati, Lígia Amoroso, Santos, Leticia Costa de Oliveira, Weins, Niklas Werner
Autor Correspondente: Lígia Amoroso Galbiati | [email protected]

Palavras-chave: Biodiversidade, Mudanças climáticas, Ecologia política feminista, Estudos de gênero em CTS

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Questões climáticas e da biodiversidade têm mobilizado um corpo científico e institucional de conhecimento ambiental. Ambos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), embora venham reconhecendo a importância de diálogos interdisciplinares e abertos para a participação diversa - como em relação a gênero - foram desenhados como painéis neutros de experts. A configuração desses espaços dificulta a representatividade, inclusão e efetiva participação de diferentes interesses e visões nos espaços decisórios. Destacamos a importância de questionar essa neutralidade e discutir relações de poder que permeiam a questão ambiental e os campos das ciências, mediante perspectivas da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e da Ecologia Política. O objetivo é avaliar a inclusão de gênero no âmbito dos painéis, analisando semelhanças e diferenças, a partir dos Estudos de Gênero-CTS e Ecologia Política Feminista (EPF). A participação de mulheres é analisada quantitativa e qualitativamente em relação à composição dos painéis, seu posicionamento nas estruturas hierárquicas e políticas específicas para equidade de gênero. Também são observadas as relações desiguais entre membras do Norte e Sul Global. Destacam-se limitações da participação e imposição de consensos, desvalorização e instrumentalização de saberes, e limitações do desenho dos painéis como ferramentas de tutela ou promoção da autonomia. Espera-se um avanço na identificação de sobreposições e complementaridades entre EPF e Estudo de Gênero em CTS, destacando que as perspectivas feministas viabilizam outros enquadramentos de problemas, que superem a visão essencialista do outro e reconhecendo possibilidades para além do determinismo tecnocientífico.



Resumo Inglês:

Climate and biodiversity issues have been mobilizing a body of scientific and institutional environmental knowledge. Both the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) and the Intergovernmental Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES), while recognizing the importance of interdisciplinary dialogues and being open to diverse participation - such as with respect to gender - were designed as neutral panels of experts. The configuration of these spaces hinders the representativeness, inclusion, and effective participation of different interests and visions in decision-making spaces. We highlight the importance of questioning this neutrality and discussing power relations that permeate environmental and scientific issues, through the perspectives of Science, Technology and Society (STS) and Political Ecology. The objective is to evaluate the inclusion of gender within the panels, analysing similarities and differences, based on STS Gender Studies and Feminist Political Ecology (FPE). The participation of women is analysed quantitatively and qualitatively in relation to the composition of the panels, their positioning in the hierarchical structures, and specific policies for gender equity. We also look at the unequal relations between members from the Global North and South. The limitations of participation and imposition of consensus, undervaluation and instrumentalization of knowledge, and design limitations of the panels as tools for safeguarding or promoting autonomy are highlighted. We hope to advance the identification of overlaps and complementarities between FPE and STS Gender Studies, highlighting that feminist perspectives enable other problem framings, which overcome he essentialist view of the other and recognizing possibilities beyond techno-scientific determinism.



Resumo Espanhol:

Cuestiones relacionadas con el clima y la biodiversidad han movilizado un conjunto de conocimientos científicos e institucionales sobre el medio ambiente. Tanto el Panel Intergubernamental sobre Cambio Climático (IPCC) como la Plataforma Intergu-bernamental sobre Biodiversidad y Servicios Ecosistémicos (IPBES), a pesar de recono-cer la importancia de los diálogos interdisciplinarios y de estar abiertos a la participación diversa - por ejemplo, en materia de género - fueron diseñados como paneles neutrales de expertos. La configuración de estos espacios dificulta la representatividad, inclusión y par-ticipación efectiva de diferentes intereses y visiones en los espacios de toma de decisiones. Destacamos la importancia de cuestionar esta neutralidad y discutir las relaciones de po-der que permean los temas ambientales y científicos, a través de las perspectivas de Cien-cia, Tecnología y Sociedad (CTS) y de la Ecología Política. Nuestro objetivo es evaluar la inclusión del género dentro de los paneles, analizando las similitudes y diferencias, a partir de los Estudios de Género en CTS y la Ecología Política Feminista (EPF). La participaci-ón de las mujeres se analiza cuantitativa y cualitativamente en relación con la composición de los paneles, su posicionamiento en las estructuras jerárquicas y las políticas específicas de equidad de género. También se analizan las relaciones desiguales entre los miembros del Norte y del Sur Global. Se destacan las limitaciones de la participación y la imposición del consenso, la subvaloración e instrumentalización del conocimiento, y las limitaciones de diseño de los paneles como herramientas para salvaguardar o promover la autonomía. Esperamos avanzar en la identificación de superposiciones y complementariedades entre la EPF y los Estudios de Género en CTS, destacando que las perspectivas feministas permiten otros enfoques de los problemas, que superan la visión esencialista del otro y reconociendo posibilidades más allá del determinismo tecnocientífico.