O presente artigo analisa a representação antiépica do combatente português em três romances do escritor português António Lobo Antunes, sendo eles: Memória de elefante (1979), Os cus de Judas (1979) e Conhecimento do inferno (1980). A literatura portuguesa que tematiza a Guerra Colonial destaca-se por apresentar um discurso contrário ao modelo camoniano e ao seu discurso laudatório, buscando reinterpretar o sentido da história contemporânea de Portugal. Para discutir o tema, usaram-se os teóricos Bakhtin (1998) e Anna Kalewska (2000). Demonstrou-se, assim, que a ficção de Lobo Antunes constitui-se em um discurso antiépico, que causa uma ruptura na identidade e no imaginário coletivo nacional ao questionar, através da figura do combatente da Guerra Colonial, o discurso épico de fundação de toda a mitologia imperial lusitana, o que configura uma das suas marcas na história literária portuguesa.
This present article analyzes the antiepic representation of the portuguese combatant in three novels by the portuguese writer António Lobo Antunes: Memória de elefante (1979), Os cus de Judas (1979) and Conhecimento do inferno (1980). The portuguese literature that thematizes the Colonial War stands out for presenting a discourse contrary to the camonian model and to its laudatory discourse, seeking to reinterpret the meaning of the contemporary history of Portugal. To discuss the theme, the theorists Bakhtin (1998) and Anna Kalewska (2000) were used. It was thus demonstrated that the fiction of Lobo Antunes is an antiepic discourse, which causes a rupture in identity and the national collective imagination by questioning, through the figure of the Colonial War combatant, the epic discourse of the foundation of all the portuguese imperial mythology, which constitutes one of its marks in the portuguese literary history.