O presente artigo tem como objetivo analisar as narrativas sobre a região amazônica dos viajantes naturalistas Wallace, Humboldt, Spruce e Waterton sobre a fauna, flora e sujeitos amazônicos do século XIX mencionadas por John Hemming em seu texto Paraíso de um naturalista. Além de discutir no campo da linguagem a dualidade das narrativas ondea região e seu povo são representados pelos extremos do vazio e cheio, magnífico e medonho, paradisíaco e infernal. Essa leitura de um passado se faz necessária pela possibilidade da criação de novos imaginários em um presente, além de repensar as cristalizações manifestadasnos pensamentos de um hoje gerados no ontem. As narrativas foram selecionadas pelo sentido contraditório percebidoem seus conteúdos e analisadas pelo prisma das categorias de racialização, amazonialismo e linguagem abordadas por Souza(2017), Albuquerque (2016), Williams (1979) e outros. Com a análise das narrativas, tornou-se evidente que a natureza foi posicionada acima dos sujeitos, refletindo uma hierarquia que permeava as descrições dos naturalistas. Para além disso, os viajantes estavam predispostos a confirmar suas ideias preconcebidas durante suas jornadas, moldando suas percepções e interpretações para alinhar-se com suas concepções prévias.
This essay aims to analyze the narratives about the Amazon region by naturalist travelers Wallace, Humboldt, Spruce and Waterton about the fauna, flora and Amazonian people of the 19th century mentioned by John Hemming in his text Naturalists in Paradise: Wallace, Bates and Spruce in the Amazon. In addition to discussing in the field of language the duality of narratives where the region and its people are represented by the extremes of empty and full, magnificent and hideous, paradisiacal and hellish. This reading of the past is necessary due to the possibility of creating new imaginaries in the present, in addition to rethinking the crystallizations manifested in today's thoughts generated in yesterday. The narratives were selected based on the contradictory meaning present in their content and analyzed through the prism of the categories of racialization, Amazonianism and language addressed by Souza (2017), Albuquerque (2016), Williams (1979) and others. With the analysis of the narratives, it became evident that nature was positioned above the subjects, reflecting a hierarchy that permeated the naturalists' descriptions. Furthermore, travelers were predisposed to confirm their preconceived ideas during their journeys, shaping their perceptions and interpretations to align with their preconceptions.