A obra está dividida em 8 capítulos e um apêndice, escritos numa linguagem simples, porém densa, com uma profunda análise sociológica das transformações do mundo do trabalho.
A marca mais importante da obra de Sennett é a personificação dos conflitos existentes e advindas desta transformação. Ao longo dos capítulos, se define o tempo capitalista, como também se compara o velho e o novo capitalismo. O autor aplica às pessoas, às suas histórias e às concepções diante da vida e do trabalho, fontes como: tabelas, dados econômicos, narrativas históricas e teorias sociais à luz de Max Weber, Adam Smith; entre muitos outros.
Senett escreve sobre o trabalho e suas transformações, suas relações na modernidade e as consequências nos valores como a lealdade e a reciprocidade, sob sua perspectiva de caráter: “traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem”(P.38), e como definir nossas características pessoais, nosso valor, em uma sociedade onde tudo é flexível, passageiro, cujo o valor é medido por meio da capacidade de se ajustar a novas situações.
Não é possível construir um caráter em um ambiente onde não há metas a longo prazo, pois a construção deste depende de valores duráveis, relações duráveis (de longo prazo) isto não é possível em uma sociedade em que as instituições vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas. Para além da problemática apresentada, fica claro que a expectativa não é uma simples decisão entre avançar rumo ao precipício ou retroceder ao paraíso e sim de uma leitura histórica de um tempo que culmina em um apontamento de possíveis saídas e reflexões dentro de um novo tempo.