“Lições de Sociologia†teve como idealizador Kubali que durante a pesquisa de sua tese de doutoramento procurou Marcel Mauss (sobrinho de Durkheim) para verificar se não existiria algum outro tipo de documento que pudesse clarear o pensamento de Durkheim a cerca de sua sociologia polÃtica. Mauss disponibilizou então os manuscritos inéditos de aulas ministradas por seu tio. E com a permissão da filha de Durkheim - Jacques Halpen - Kubali publica o conjunto desses manuscritos.
Em relação ao pensamento polÃtico de Durkheim Kubali[1] aponta: “como esse sociólogo não fizera do problema objeto de um estudo especial, em suas obras já publicadas, a evocar certas questões referentes a ele, fui levado a pensar que seria possÃvel encontrar explicações adequadas e detalhadas em seus inéditos, se é que existiam". Já Giddens (1998. p. 103) afirma que “a teoria de Durkheim sobre a polÃtica e o Estado é indubitavelmente a mais negligenciada das suas contribuições para a teoria social.†O que podemos crer com a leitura de Giddens é que Durkheim se preocupou sim com a questão da polÃtica e do Estado, sendo o que o papel do Estado seria o de resgatar os indivÃduos da sociedade, que se deve objetivar e promover a mudança, acreditava inclusive na maleabilidade e flexibilidade das estruturas e instituições diante das mudanças, e que o problema crucial da sociologia era o de redefinir quais eram as formas sociais capazes de realizar os ideais de liberdade[2] e igualdade gerados pela transição a partir da ordem tradicional. Portanto, “Lições de Sociologia†pode ser considerada a obra em que Durkheim desenvolve sua sociologia polÃtica.
[1] Citação retirada do Prefácio a Primeira Edição. DURKHEIM, 2002.
[2] O conceito de liberdade não significava a liberação de todos os controles morais, mas a aceitação da regulação moral do “culto da personalidade†(relação entre o sagrado e o profano).