Raymond Aron dizia que a sociologia poderia ser caracteriza por uma perpétua procura de si mesmo. Sem embargo, o sociólogo francês poderia ter estendido esta caracterização à história ou à filosofia, por exemplo, e até mesmo à fÃsica e ao conceito de ciência de modo geral, se não o considerarmos conforme o modelo positivista de ciência; no limite, trata-se de uma questão humana, e das ciências humanas, pelo menos desde os tempos de Kant, quando o homem, segundo Michel Foucault, passou a se tornar objeto e problema do saber ocidental permitindo “essas filosofias da Vida, da Vontade, da Palavraâ€, em suma, as ciências humanas, “que o século XIX vai desenvolver na esteira da crÃtica.†(Foucault, 1999, p.334). Ainda que, conforme o filósofo francês, “o homem não é o mais velho problema, nem o mais constante que se tenha colocado ao saber humano†(Foucault, 1999, p.536), sabemos desta antiga e quase perpétua busca de uma verdade sobre si mesmo que intriga a grande maioria das pessoas e dos saberes. Por vezes, parecemos ser obcecados pela verdade, pela perfeição, e dificilmente aceitamos o casual, o caótico, o anárquico. No entanto, tão antiga quanto à busca da verdade, é sua paradoxal condição de objeto inatingÃvel e também são muito antigos os problemas de definição e as noções de relativo e absoluto em torno da alétheia.