Propõe-se discutir a experiência de investigação cujo horizonte é demarcado pelos "leques interpretativos" inerentes à história das populações e à demografia histórica. De outra forma, examinar um marco teórico definido pela história de uma população de origem imigrante, cujo dinamismo tem-se mantido por um ritmo singular, embora pautado, de maneira geral, pelos fenômenos relativos à transição demográfica. Essa história define-se por um quádruplo recorte temporal (as três dimensões braudelianas e a temporalidade desenhada pelos ciclos vitais dos indivÃduos agrupados em quatro cortes de casamentos). O marco teórico completa-se: a) por uma história de migrações, tanto de indivÃduos cuja origem radica-se em alguma parte do que denominarÃamos de Europa Germânica quanto de homens e mulheres que chegaram à cidade como fruto de deslocamentos internos de população; b) por uma história da urbanização, fundada no consenso de que a "produção" dos aglomerados urbanos resulta da maneira com que eles se articulam a imigração, a reprodução biológica e a recriação cultural; c) por uma história polÃtica, cujo tema desenvolve-se em função do embate entre duas concepções de cidadania: uma – brasileira –, apoiada no jus solis; outra – que fundamenta as concepções e valores étnicos "teuto-brasileiros" –, no jus sanguinis. Nesse contexto visualiza-se a constituição de uma identidade cujas fronteiras étnicas foram definidas pelos membros do grupo e atribuÃdas pelos de fora; d) finalmente, uma história institucional, que se desenvolve em dois nÃveis: num, a vida e organização paroquial dos luteranos de origem germânica em Curitiba; noutro, a história das relações paroquiais no seio do desenvolvimento de uma organização supraparoquial que redundaria na Igreja Evangélica Luterana do Brasil.