A crítica literária jornalística, que se encontra ausente nos jornais e quase extinta na atualidade, faz-se uma produção de grande relevância tanto para a descoberta de escritores quanto para o sucesso (ou não) desses profissionais como referência de uma literatura prestigiada. É, portanto, de ordem epidítica, visto que objetiva louvar ou censurar uma obra e/ou seu autor. Com base nessas ponderações, este artigo visa apresentar como são constituídos os ethé do crítico e do autor na crítica literária. Para tal, tem-se como objeto de análise o artigo “Perto do Coração Selvagem”, publicado em julho de 1944, no jornal Folha da Manhã, redigido pelo crítico literário Antonio Candido referente à estreia literária de Clarice Lispector. O objetivo é mostrar os recursos retóricos mobilizados na construção dos ethé, tanto da escritora quanto do crítico. Partindo disso, o estudo respalda-se especialmente nos pressupostos teóricos da Retórica (ARISTÓTELES, 2015) e da Nova Retórica (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2014; MEYER 2007; EGGS, 2008; FERREIRA, 2010; FIORIN, 2015), com ênfase na noção de ethos.