Retratos da memória acesa em Nazaré: o MINOM e a busca pelo Bem Viver

Revista Eletrônica Ventilando Acervos

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ISSN: 23186062
Editor Chefe: Rafael Muniz de Moura
Início Publicação: 31/10/2013
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Museologia

Retratos da memória acesa em Nazaré: o MINOM e a busca pelo Bem Viver

Ano: 2017 | Volume: Especial | Número: Especial
Autores: BRAYNER, Vania
Autor Correspondente: BRAYNER, Vania | [email protected]

Palavras-chave: Nazaré, Rondônia, Diversidade cultural, Memória, Museologia social, Sociomuseologia, Fotoetnografia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A cerca de 200 quilômetros da capital do estado de Rondônia, a jusante do rio Madeira — um dos principais afluentes do rio Amazonas —, a comunidade ribeirinha de Nazaré mantém acesa a lamparina das suas memórias, a (re)existir ante aos megaprojetos desenvolvimentistas do Estado brasileiro, cujas consequências no presente, afetam os seus desejos de futuro. Para dialogar com o seu passado de lutas, defender a sua diversidade ecológica e cultural e fazer frente às ideias disseminadas na região de um “progresso” que já se mostrou para poucos, Nazaré deseja um “museu vivo”, um museu que transforma transformando-se, um museu-escola para a libertação. Para dialogar com esse desejo de memória, parte significativa da rede de mediadores que constitui o "social” da museologia brasileira contemporânea deslocou-se para Nazaré, em atendimento ao chamado da XVII Conferência Internacional do MINOM, realizada de 3 a 7 de agosto de 2016. Neste artigo, apresento os motivos que me levaram a Nazaré e o porquê dessa Conferência fazer parte do trabalho de campo que empreendi no Brasil, de julho a dezembro
de 2016. Por meio da experiência, busquei conhecer alguns espaços de memória acesa que apoiassem os meus estudos no campo da sociomuseologia no Programa de Doutoramento em Museologia da Universidade Lusófona de Lisboa. Em Nazaré, realizei minha primeira tentativa de construir uma narrativa por meio da imagem, conforme a fotoetnografia desenvolvida pelo antropólogo Luiz Eduardo Achutti, que propõe “articular a construção de imagens fotográficas com a perspectiva do pensamento antropológico”. Os fatos sociais apreendidos pelas imagens apresentadas de forma ordenada, faz com que a fotografia atue como aliada nos estudos e na escrita da narração científica dos fatos etnográficos observados em campo. Com esta ideia na cabeça, dirigi-me à Conferência, porém o meu foco não estava apenas no evento, mas também no cotidiano, no “fato comum”, no Bem Viver em Nazaré.



Resumo Inglês:

Downstream the Madeira River – one of the Amazon’s main tributaries –, roughly 200 kilometers from the capital of the Brazilian state of Rondônia, the riverside community of Nazaré keeps burning bright the lamp of its memories, to (re)exist before the Brazilian government’s developmental projects, whose present consequences affect future desires. Conversing with the struggles in their past, defending their ecological and cultural diversity and opposing the local idea of “progress” for few, the people of Nazaré desire a “living museum”, a museum that transforms and is transformed, a museum school for freedom. Following this desire for memory, a significant part of the network of mediators that constitutes the “social” in Contemporary Brazilian Museology has moved to Nazaré, answering the call of the XVIIth International MINOM Conference, that took place from August 3rd to August 7th, in 2016. In this article, I present the reasons that led me to Nazaré and why this Conference ispart of the fieldwork that I conducted in Brazil between July and December, in 2016. I visited spaces of living memory that would support my studies in the field of Sociomuseology for the Doctorate in Museology Program, in the Lusófona University, Lisbon. In Nazaré, I experienced my first attempt to build narrative through image, according to the Ethnophotography developed by anthropologist Luiz Eduardo Achutti, who proposes “to articulate
the construction of photographic images with the perspective of anthropological thought”. The social facts
apprehended in the images make Photography an ally in the studies and in the scientific narration of the ethnographic facts observed in the fieldwork. With this thought in mind, I headed to the Conference. My focus was
not only in the event, but also in everyday life, in the “common fact”, in Good Living in Nazaré.