Revendo a trajetória da leishmaniose visceral americana na Amazônia, Brasil: de Evandro Chagas aos dias atuais

Revista Pan-Amazônica de Saúde (RPAS)

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ISSN: 2176-6223
Editor Chefe: Isabella M. A. Mateus
Início Publicação: 02/01/2010
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências Biológicas, Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Multidisciplinar

Revendo a trajetória da leishmaniose visceral americana na Amazônia, Brasil: de Evandro Chagas aos dias atuais

Ano: 2016 | Volume: 7 | Número: Especial
Autores: Fernando Tobias Silveira, Luciana Vieira do Rego Lima, Thiago Vasconcelos dos Santos, Patrícia Karla Santos Ramos, Marliane Batista Campos
Autor Correspondente: Fernando Tobias Silveira | [email protected]

Palavras-chave: Leishmaniose Visceral Americana, Leishmania ( L .) infantum chagasi, Amazônia, Brasil

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente estudo reviu a trajetória da leishmaniose visceral americana (LVA) na Amazônia, Brasil, desde os tempos do dr. Evandro Chagas, fundador do Instituto de Pathologia Experimental do Norte, em 1936, o qual, após a morte trágica do seu patrono, em 1940, passou a chamar-se Instituto Evandro Chagas até os dias atuais, objetivando melhor visibilidade a cerca do legado médico-científico deixado pelo ilustre personagem, além de descrever os caminhos que fizeram essa endemia sair do anonimato epidemiológico cinco décadas atrás, para surgir como um dos maiores agravos parasitários no início do século atual. Nesse contexto, Chagas e seus colaboradores deixaram três contribuições marcantes: i) descreveram a espécie parasitária responsável pela LVA, a Leishmania chagasi (= Leishmania (Leishmania) infantum chagasi); ii) incriminaram a espécie flebotomínica Phlebotomus longipalpis como o provável vetor da LVA; e iii) postularam que a origem da doença humana deveria estar em algum animal silvestre. A situação da LVA na Amazônia brasileira não mudou muito nas décadas seguintes, porém, a partir dos anos 1980, assumiu um perfil novo, reaparecendo com maior frequência nos focos rurais e em zonas suburbanas e urbanas de cidades de médio porte, como Santarém, no Estado do Pará. Nas duas últimas décadas, o processo de expansão intensificou-se face aos fatores ambiental (desflorestamento), socioeconômico e a ocupação desordenada na periferia das cidades, onde a presença do vetor (Lutzomyia longipalpis) no peridomicílio humano, e do cão doméstico altamente suscetível à infecção, facilitaram sua disseminação. Hoje, a LVA já alcança a Região Metropolitana de Belém (ilha de Cotijuba), capital do Pará. 



Resumo Inglês:

This study reviewed the trajectory of American visceral leishmaniasis (AVL) in Brazilian Amazon, since that time of Dr. Evandro Chagas, who founded the Instituto de Pathologia Experimental do Norte, in 1936, which following the tragic death of its patron, in 1940, was renamed Instituto Evandro Chagas till the actual days, aiming the best visibility on the medical-scientific legacy left by that distinguished person, as well as trying to describe the ways that made AVL leaves the epidemiologic anonymity five decades ago for arising as one of greatest parasitic disease at the beginning of this century. In this context, Chagas et al have left three marked contributions: i) described a new parasitic species responsible for AVL, Leishmania chagasi ; ii) incriminated the phlebotomine species Phlebotomus longipalpis as the likely vector of AVL; and iii) postulated that the human disease origin should be in any forest animal. The AVL situation in Brazilian Amazon has not changed in the following decades, however, in the early 1980s the disease resurfaced with a greater frequency in rural foci and in the suburban and urban areas of medium-size cities as Santarém, Pará State. In the last two decades, the expansive process increased due to the deforestation, socio-economic factor and unorganized occupation in the outskirts of cities, where the presence of Lutzomyia longipalpis in the peridomiciliar human area and the domestic dog highly susceptible to infection have facilitated its dissemination. Actually, AVL has already arrived in the Metropolitan Region of Belém (Cotijuba island), capital of Pará.