Há pouco mais de uma década a indústria fonográfica produzia um discurso sobre pirataria online e a culpava por sua alegada crise. De fato, transformações técnicas se referiram a uma nova formação do campo da indústria gravada. Após mais de setenta anos de pleno domÃnio, a indústria fonográfica perdeu a centralidade nesse campo e passou a negociar suas regras com empresas de tecnologia e mÃdia que operam a internet. Ao contrário do que muitos previram, essa situação não representou a sucumbência da indústria fonográfica, nem o fim do controle sobre o acesso do usuário à música. Cada vez mais esse segmento industrial se estrutura com regras próprias baseadas em uma intensa valorização dos direitos autorais e na exploração do trabalho imaterial do usuário. Dessa forma, a internet se mostra como espaço da intensificação temporal e extensão geográfica dos ganhos de empresas exploradoras de fonogramas que se esforçam por ampliar o controle sobre as práticas online dos usuários.
Just over a decade ago, the recording industry created a discourse about online piracy, blaming it for its alleged crisis. In fact, technical changes concerned a new profile of the recorded music field. After seventy years of full control, the recording industry lost its central position in this field and started negotiating its rules with technology and media companies that operate the Internet. Opposite to what many had foreseen, neither the recording industry succumbed, nor was it the end of the control over access to music. The recorded music field has increasingly devised its own rules based on the strong valorisation of copyrights and on the exploitation of user’s immaterial work. Thus, the Internet is a space of temporal intensification and geographical extension of the profits of companies that economically exploit the phonogram and strive to increase control over user’s online practices.