Resumo: Este artigo tem como objeto a centralidade da riqueza no mundo moderno, como fato dominante e como norma, ou seja, como o que orienta e regula as atividades social e individual. Iniciaremos com a consideração de que a criação de riqueza material como meta da vida humana a envolver toda a sociedade – esse modo de viver centrado na economia – é condição que pertence apenas às sociedades modernas e à sua forma econômica, o capitalismo, tendo-se expandido por todas as regiões do planeta. Para abordarmos este tema, tomaremos como apoio e ponto de partida as instigantes reflexões de Eric Weil, desenvolvidas especialmente em sua obra Filosofia Política, o que não significará adotá-las in- condicionalmente. Em seguida, examinaremos a relação entre o desenvolvimento dessa forma de existência social e o surgimento de uma ciência da economia, que figurará como dimensão decisiva de seu universo simbólico. À guisa de conclusão, buscaremos levantar algumas questões: pôde sustentar-se, por séculos, essa exaltação da riqueza apenas pela coerção? Ou será esta uma forma de vida que, em alguma medida, adotamos, por com ela nos identificarmos? Mas se a vida humana não é apenas realidade econômica, e se as suas questões fundamentais, necessariamente, vão muito além da economia, tomá-la como a sua dimensão principal, fazendo da riqueza a finalidade última da atividade coletiva, não será um enorme equívoco histórico? E se a bem-aventurança econômica prometida não se puder concretizar, não estaremos também diante de um impasse essencial? A resposta positiva a estas questões nos levará à conclusão de que, embora ainda não saibamos como, faz-se imperativo restabelecermos a economia da riqueza como meio, e não como fim da vida humana.