Ritos de passagem, de Paula Tavares: o lugar da (re)memória na construção de uma dicção poética feminina em Angola

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ISSN: 1809-2667
Editor Chefe: Inez Barcellos de Andrade
Início Publicação: 01/10/1997
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Serviço social, Área de Estudo: Multidisciplinar

Ritos de passagem, de Paula Tavares: o lugar da (re)memória na construção de uma dicção poética feminina em Angola

Ano: 2022 | Volume: 24 | Número: 1
Autores: Eliza de Souza Silva Araújo, Ana Ximenes Gomes de Oliveira
Autor Correspondente: Eliza de Souza Silva Araújo | [email protected]

Palavras-chave: Oralidade, Memória, Rememória, Angolanidade, Paula Tavares

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Ritos de passagem, livro de estreia de Paula Tavares, inaugura uma nova dicção poética em uma Angola recém livre do domínio português (SECCO, 2011). Ao versar acerca do corpo feminino, Tavares visita a tradição com elementos camponeses e a poética da oralidade, ao mesmo tempo em que inaugura uma fala de um eu erótico feminino que recusa o silêncio colonial (MATA, 2009). Na sua poesia, a memória é articulada como ferramenta de (re)construção de sentido (NOA, 2015). Ocorre um encadeamento de fragmentos onde a poeta inventa sentidos para preencher as fissuras produzidas pela colonialidade, num exercício de articular uma rememória (MORRISON, 2019) poética. Ao construir a partir do corpo, dos frutos e dos ritos, o gênero tangencia a perspectiva e a voz poética apresentada nos textos. O feminino é tratado como conhecimento e o erótico (LORDE, 2007) como via de um entendimento de si e da criatividade que rege a poesia e a vida. Em poemas que dialogam com desenhos simples, de aspecto não finalizado e poucas cores, as partes do todo se conectam produzindo, imagem e poema, unidades textuais que traduzem a angolanidade, o feminino e uma epistemologia própria por onde compreender o corpo, o gênero, a cultura e a sociedade.



Resumo Inglês:

Rites of passage, Paula Tavares’ debut book, inaugurates a new poetic diction in an Angola that is recently free from colonial domain (SECCO, 2011). In writing verse about the female body, Tavares visits tradition through peasant elements and the poetics of oral discourse, while inaugurating an erotic feminine speech, which rejects colonial silence (MATA, 2009). In her poetry, memory is articulated as a tool for the (re)construction of meaning (NOA, 2015). There is a weaving of fragments where the poet invents meaning to fill in the ruptures produced by colonialism, in an exercise of articulating a poetic rememory (MORRISON, 2019). In building poetry stemming from the body, fruits and rites, gender affects the perspective and poetic voice presented in the texts. The feminine is treated as knowledge and the erotic (LORDE, 2007) as a path to understanding the self and the creativity which rules poetry and life. In poems that establish dialogues with simple unfinished-looking drawings of little colors, the parts and the whole connect producing, poem and image, textual unities which translate the Angolan identity, the feminine and a unique epistemology through which one can understand the body, gender, culture and society.



Resumo Espanhol:

Ritos de paso, el primer libro de Paula Tavares, inaugura una nueva dicción poética en una Angola recientemente liberada del dominio portugués (SECCO, 2011). Al hablar del cuerpo femenino, Tavares visita la tradición con elementos campesinos y la poética de la oralidad, al tiempo que inaugura un discurso sobre un yo femenino erótico que rechaza el silencio colonial (MATA, 2009). En su poesía, la memoria se articula como herramienta de (re) construcción de sentido (NOA, 2015). Hay una cadena de fragmentos donde la poeta inventa significados para llenar las fisuras producidas por la colonialidad, en un ejercicio de articulación de una rememoria poética (MORRISON, 2019). Al construir desde el cuerpo, los frutos y los ritos, el género toca la perspectiva y la voz poética presentada en los textos. Lo femenino es tratado como conocimiento y lo erótico (LORDE, 2007) como una forma de entenderse a uno mismo y la creatividad que rige la poesía y la vida. En poemas que dialogan con dibujos sencillos, con un aspecto inacabado y pocos colores, las partes del todo se conectan, produciendo imagen y poema, unidades textuales que traducen la identidad angoleña, lo femenino y una epistemología propia a través de la cual es posible entender el cuerpo, el género, la cultura y la sociedad.