O presente trabalho versa sobre a participação indígena na montagem da economia das drogas do sertão, durante o reinado de D. Pedro II. As drogas do sertão são consideradas como a principal atividade econômica da Amazônia colonial, além de possuir uma mão de obra, eminentemente, indígena, no entanto, a historiografia costuma remeter apenas aos índios o papel de remeiros nessa economia. O presente trabalho pretende indicar que o papel indígena na economia do sertão não se limitava a apenas remar as canoas, mas que as redes e rotas de comércio foram preponderantes para a montagem desta economia, conectando diferentes nações indígenas, com os diferentes grupos europeus que vinham se assentando no vale amazônico desde o século XVI. O presente trabalho conta com o conceito de “cultura de mobilidade”, cunhado por Heather Roller (2014), que indica que os indígenas desenvolveram uma cultura de mobilidade na Amazônia colonial, pela liberdade que as atividades do sertão permitiam, sendo o caso aqui, a liberdade que as rotas comerciais permitiam aos grupos indígenas, nesse momento de montagem da economia do sertão.
The present work deals with the indigenous participation in the mounting of the hinterland drug economy, during the reign of d. Pedro II. Hinterland drugs are considered as the main economic activity of the colonial Amazon, in addition to having an eminently indigenous workforce, however, historiography tends to refer only to the Indians the role of paddlers in this economy. The present work intends to indicate that the indigenous role in the hinterland economy, was not limited to just paddling the canoes, but that the networks and trade routes were preponderant for the assembly of this economy, connecting different indigenous nations, with the different European groups that had been settling in the Amazon valley since the 16th century. The present work has the concept of “mobility culture”, coined by Heather Roller (2014), which indicates that the indigenous people developed a mobility culture in the colonial Amazon, due to the freedom that the activities of the hinterland allowed, being the case here, the freedom that the trade routes allowed the indigenous groups, at this time of setting up the hinterland economy.