Rumo a uma teoria feminista do julgamento

Revista Brasileira De Ciência Política

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ISSN: 1033352
Editor Chefe: Luis Felipe Miguel e Flávia Biroli
Início Publicação: 31/12/2008
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciência política

Rumo a uma teoria feminista do julgamento

Ano: 2009 | Volume: 0 | Número: 2

Palavras-chave: feminismo, universalismo, multiculturalismo, avaliação, julgamento, opinião, Hannah Arendt, Susan Okin.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O curto, mas importante, ensaio recente de Susan Okin, publicado em 1997, Is Multiculturalism Bad for Women? [O Multiculturalismo é Ruim para as Mulheres?] esteve no centro de um animado debate sobre a relação entre feminismo e multiculturalismo. Focalizando sua atenção no viés ocidental da análise de Okin, os críticos não se deram conta do que pode bem ser seu ponto central, conquanto não explicitado: Nós (as feministas e os(as) cidadãos(ãs) das democracias ocidentais) precisamos julgar práticas culturais muitas vezes diferentes das nossas e, onde apropriado, declará-las “prejudiciais às mulheres”, recusando dar-lhes apoio político. A questão deixada inexplorada pela feminista liberal Susan Okin refere-se a como poderiam ser estabelecidos julgamentos que não envolvessem uma aplicação das regras das culturas liberais ocidentais às peculiaridades de culturas e práticas não-ocidentais e não-liberais. Valendo-me da obra de Hannah Arendt, procuro desenvolver uma concepção de julgamento que possa propiciar uma relação mais crítica com nossas próprias normas ou regras, facilitando assim uma prática menos etnocêntrica.



Resumo Inglês:

The recent Susan Okin’s short but important 1997 essay, “Is Multiculturalism Bad for Women?”, has been at the center of a lively debate about the relationship between feminism and multiculturalism. Focusing their attention on the Western bias in Okin’s analysis, critics have missed what may well be the essay’s central if unstated claim: We (feminists and citizens of Western democracies) need to make judgments about cultural practices often different from our own and, where appropriate, declare them “bad for women” and refuse them our political support. The question, left unexplored by the liberal feminist Okin, is how judgments might be formed that would not involve an application of the rules of Western liberal cultures to the particulars of non-Western and non-liberal cultures and practices. Drawing on the work of Hannah Arendt, I attempt to develop a conception of judgment that would enable a more critical relation to one’s own norms or rules, thus facilitating a less ethnocentric practice.