A historiografia e análise de Canudos, o Bello Monte do Antônio Conselheiro, avançou muito durante a década do centenário dos eventos da Guerra (a última década do século passado). Tal fato poderia induzir à impressão de que o tema se encontra de tal forma consolidado de que não necessita mais de maiores pesquisas, análises e revisão teórica. No entanto, uma leitura cuidadosa da literatura mostra a necessidade da revisão e ampliação de uma perspectiva antropológica. A violência da degola é, por exemplo, um aspecto de terror que merece ser retomado, numa perspectiva de longa duração. Uma revisão da prática da degola (por parte dos vencedores) e as práticas de sepultamento, dos dois lados, leva a uma interpretação mais explÃcita da sua violência prática e simbólica para os conselheiristas.
After a decade of intense academic discussions and the
produciton of a large literature, it might seem that the theme of
Canudos had been exhausted. However, reviewing the field shows
that the anthropological approach certainly has not been not
sufficiently apllied. Here I deal with the decapitation of prisioners,
terror and the symbolic reasons of why this practice, and its
concomittant practices of the burning and non-burial of victims,
constitute a real and a symbolic violence to the followers of the
Conselheiro.