Esta pesquisa tem por finalidade refletir sobre saberes e práticas de mulheres negras de comunidades remanescentes de quilombos no Vale do Guaporé/RO. Dentre os principais aspectos da pesquisa destaca-se o patrimônio afetivo e as experiências de vida, assim como o papel social desenvolvido pelas mulheres negras na reorganização e manutenção das comunidades remanescentes de quilombos na região guaporense. O estudo foi realizado por intermédio de entrevistas, aplicação de questionários e realização de conversas formais e informais, por meio dos quais foi possível estabelecer diálogos com Carneiro (2003), Perrot (2005), Bourdieu (2017), dentre outros. Sobre aspectos regionais: Bandeira (1988), Volpato (1993) e Teixeira &Amaral (2009), que apresenta suportes para compreensão da pesquisa regional. Em dias atuais, percebe-se que as mulheres negras de comunidades remanescentes de quilombos no Vale do Guaporé, apesar do diverso contato com práticas culturais diferentes das suas, ainda preservam traços da cultura ancestral, que podem ser observados em seus modos de vida e na manutenção dos saberes tradicionais, bem como, em alguns aspectos na cura de enfermidades, na culinária e na música, que, nesse contexto, se tornam relevantes para a manutenção da cultura e preservação da memória das mulheres negras de comunidades remanescentes de quilombos no Vale do Guaporé. Não obstante, observa-se, ainda, que o papel desenvolvido pelas mulheres negras guaporenses contribui significativamente na constituição histórica e identitária regional, que, apesar de, também, possuir presença de indígenas e bolivianos, por se localizar em região de fronteira, mantém fortes traços da cultura negra e ribeirinha.