De acordo com Schwarcz e Starling (2015), durante o período da escravidão no Brasil, entre os séculos XVI e XIX, aproximadamente cinco milhões de pessoas foram sequestradas do continente africano e trazidos às nossas terras. Esse movimento é descrito por Nascimento (1989) como “diáspora forçada”. Com o passar do tempo, muitos desses escravizados e seus descendentes se agruparam em comunidades nas quais as tradições culturais, dentre elas as alimentares, foram preservadas. Assim, este trabalho propõe discutir sobre os saberes tradicionais da cultura alimentar quilombola de Batuva, comunidade tradicional situada no município de Guaraqueçaba – PR, mesorregião do Vale do Ribeira. A abordagem metodológica se baseou na pesquisa-ação integral e participativa, tal como proposta por Thiollent (2017). Desse modo, observamos o potencial da culinária fundamentada na rizicultura quilombola de Batuva. Entre os resultados, o estudo apresenta os principais preparos culinários batuvanos e suas especificidades, além das práticas de manejo e saberes da rizicultura que tem como base a tradição do mutirão – ou puxirão – e sua relação com as culturas vindas do continente africano. A pesquisa também suscita um convite a todas e todos à reflexão sobre as comunidades tradicionais remanescentes de quilombos da região e sua cultura, procurando propiciar a ampliação das alternativas para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade mencionada a partir de uma nova perspectiva, o turismo de Base Comunitária.