O objetivo deste artigo é o estudo de contratos portugueses produzidos ao longo dos séculos XV e XVI. Este trabalho é de natureza filológica e situa-se no âmbito do projeto Fontes para a História da LÃngua Portuguesa: edição de manuscritos dos perÃodos médio e clássico. Procura-se observar o enquadramento linguÃstico do corpus, levando-se em conta a tipologia, a região e o contexto em que foi produzido, relacionando-o aos fenômenos que marcaram o perÃodo de sua produção, especificamente quanto à convergência em –ão das terminações nasais. Os contratos que compõem o corpus integram o fundo da Colegiada de Santa Maria de Guimarães, Noroeste de Portugal, constantes do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. A análise de documentos dos séculos XV e XVI contribui para os estudos sobre a história do português europeu e brasileiro, uma vez que o estudo de fontes manuscritas amplia o conhecimento de documentação do perÃodo e supre a inexistência, ou a extrema raridade, de escritos produzidos em terras da América Portuguesa à época. Os contratos analisados espelham uma realidade linguÃstica muito particular e, apesar de produzidos no perÃodo do português médio, revelam caracterÃsticas que os aproximam de um estado de lÃngua mais antigo. Tal conclusão sugere uma tendência conservadora em documentos notariais do Noroeste, que poderia, conforme o avanço das pesquisas com constituição de corpora de diferentes tipologias, fazer alargar-se ainda mais o perÃodo do português médio, cujo fim tradicionalmente coincide com a data da publicação da primeira gramática da lÃngua portuguesa, em 1536, por Fernão de Oliveira.