Nesse trabalho, mobilizamos a noção de leitura da Análise do Discurso de matriz francesa
para investigar como ela é discursivizada no âmbito de bibliotecas nomeadas alternativas, no
caso espaços de leitura pouco convencionais. Assim, analisamos dizeres de sujeitos-leitores
inseridos dentro de quatro bibliotecas desse tipo, quais sejam: a Barca dos Livros de Santa
Catarina que leva a leitura através de um barco; a biblioteca Becei de Paraisópolis, localizada
dentro de uma favela em São Paulo; a biblioteca itinerante Leitura de Barraco, espalhada em
um assentamento rural do Movimento dos Sem-Terra (MST) e a Borrachalioteca de Sabará
em Minas Gerais, instalada dentro de uma borracharia. Observamos que essas bibliotecas são
faladas como espaços que rompem com o estereotipo de lugar que silencia, cala seus leitores e
normatizado por regras rÃgidas e que instalam a imagem de um lugar que permite troca de
sentidos sobre práticas e gestos de leitura.