Este artigo surgiu a partir do estudo monográfico Resiliência e Violência Sexual: um estudo sobre adolescentes vitimizadas por abuso sexual intrafamiliar (MARANHÃO, 2008), no qual se investigou a construção de resiliência em adolescentes vitimizadas. A resiliência é caracterizada como superação de situações adversas, configurando-se como algo processual, promovida pela interação de fatores de proteção pessoais e coletivos, em determinado contexto de risco ou vulnerabilidade social. Fizemos o recorte sobre os significados e sentidos da vitimização sexual intrafamiliar a partir da percepção das adolescentes entre 12 e 16 anos de idade atendidas em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social no ano de 2010. A pesquisa é de caráter qualitativo tendo como referencial teórico-metodológico a Teoria Histórico-Cultural. Na coleta de dados, foi utilizada entrevista semiestruturada. Percebemos que o perfil das vÃtimas é configurado pelo gênero feminino e o inÃcio do abuso sexual ocorreu entre a infância e pré-adolescência. Já o perfil dos agressores é de homens adultos, exercendo as funções familiares de padrasto, pai e tio. Apesar de um sentimento abjeto, as adolescentes não conseguiam romper com o ciclo de violência. Os amigos, a famÃlia ampliada, e o trabalho de profissionais surgiram como suporte para a ressignificação da relação abusiva.