As sequências textuais no gênero oral: análise de uma aula expositiva universitária

Revista Filologia e Linguística Portuguesa

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ISSN: 2176-9419
Editor Chefe: Prof. Dr. Sílvio de Almeida Toledo Neto
Início Publicação: 31/12/1996
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística

As sequências textuais no gênero oral: análise de uma aula expositiva universitária

Ano: 2015 | Volume: 17 | Número: 1
Autores: Gil Roberto Costa Negreiros
Autor Correspondente: G. R. Costa Negreiros | [email protected]

Palavras-chave: Análise textual dos discursos, sequências textuais, aula expositiva, texto oral.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O trabalho tem como tema a organização textual e discursiva do gênero oral “conferência” (também chamado, no trabalho, de “apresentação oral”). Nosso objetivo é analisar, a partir dos planos do texto e do contexto de produção, as estratégias de textualização empregadas pelo sujeito produtor e as regulações “descendentes” (regulações que as situações de interação nos lugares sociais, nas línguas e nos gêneros dados impõem aos enunciados) que interferem nessa produção e que, desta forma, se fazem presentes nos textos em questão. O corpus escolhido faz parte das elocuções formais (uma aula universitária), transcritas pelo Projeto da Norma Urbana Culta da Cidade de São Paulo - NURC-SP e publicadas por Castilho e Preti (1986). Adotaremos, como referencial teórico, aspectos ligados à Linguística Textual dos Discursos, na perspectiva divulgada por Adam (2000). A partir dessa perspectiva, investigamos a relação entre a organização macroestrutural do texto e os diversos fatores externos em jogo na elaboração textual do corpus em análise, focalizando a aspectos referentes à situação comunicativa e à interação entre os sujeitos. Os resultados das análises suscitam discussões relativas à interação postulada por Adam (2000) entre regulações “ascendentes”, que regem os encadeamentos de proposições no sistema que constitui o texto, e regulações “descendentes”, aquelas imposta pelas situações de interação e pelos gêneros. Com isso, também tentamos demonstrar, em nossa análise, que a apresentação oral possui estratégias de textualidade específicas, como, por exemplo, a adoção do tipo textual da narração, que pode ser um índice do caráter assíncrono do gênero em questão, tendo em vista que a narração é monológica (no sentido conversacional) e limita as possibilidades de cooperação dos ouvintes. Desta forma, sob o impacto da busca por expressão e por interação, os enunciados podem assumir formas infinitas, mas os gêneros e as línguas interferem como fatores que regulam o processo de textualidade.



Resumo Inglês:

This paper focuses on the textual and discursive organization of the oral genre "conference" (also called, in this paper, "oral presentation"). Based on text planning and context production, our goal is to analyze, textualization strategies employed by the user and "top-down" regulations (regulations forced into the enunciation due to their given social place, language and genre) that interfere in such production and, therefore, are present in the texts being studied. The corpus chosen is part of the formal utterances (a university level class), transcribed by the NURC - Urban Standard Language in São Paulo City Project (Projeto da Norma Urbana Culta da Cidade de São Paulo – SP) and published by Castilho and Preti (1986). Our theoretical framework leans on the aspects related to Discourse Textual Linguistics, as proposed by Adam (2000). From this perspective, we investigate the relationship between the macro-structural organization of the text and the various external factors at play in the textual elaboration of the corpus under analysis. Our focus lies on the aspects related to the communicative situation and to the interaction among speakers. The results of the analyses raise discussions regarding the interaction postulated by Adam (2000) between “bottom-up” regulations, which govern the chains of propositions in the system constituting the text, and “top-down” regulations, which are imposed by the situations of interaction and by genre. This way, we also try to show, in our analysis, that oral presentations have specific textual strategies. An example is the adoption of a narrative textual type which can be an indication of the asynchronous character of such genre, once the narrative is monological (in the conversational sense) and limits the possibilities for cooperation from the listeners. Thus, under the impact of the search for expression and for interaction, statements can take infinite forms, but genres and languages interfere as factors that regulate the textuality process.