O sigilo integra o cuidado em saúde para proteger as pessoas com HIV/Aids, ou “sob
suspeitaâ€, do estigma/discriminação. A partir de observações etnográficas buscou-se
compreender sentidos e práticas envolvendo sigilo e privacidade em um serviço especializado
em DST/Aids, num municÃpio pequeno, no Estado de Mato Grosso do Sul. A análise, de cunho
construcionista social, de episódios e conversações evidenciou a valorização do sigilo no plano
discursivo, mas em razão de limites tênues entre privacidade e sociabilidade em municÃpios
interioranos “quebras de sigilo†eram práticas sociais naturalizadas, não intencionais,
tampouco reconhecidas como falhas técnicas/éticas. A análise revelou que fluxos e processos
de trabalho violavam a privacidade de usuários. O sentido de manter sigilo era, predominantemente, o de não revelar a soropositividade dos pacientes; não se associava aos
modos de organização do trabalho. Acreditamos que ao problematizarem os sentidos e
implicações locais de suas práticas, as equipes podem construir novas práticas e realidades
institucionais adensadas pelos referenciais do Cuidado, Humanização e Atenção Psicossocial.