Por mais consideráveis que sejam as conquistas das investigações históricas ou dos trabalhos de comparativistas que foram realizados, ao longo de muitos anos, sobre a formação e o funcionamento das burocracias de Estado, sobre suas estratégias de legitimação e sobre seus instrumentos conceituais e materiais específicos, imensos problemas permanecem postos de tal modo que não podemos realmente tratar certas ilusões historiográficas a não ser na condição de abandoná-las, ao menos parcialmente. A primeira é a interpretação teleológica que descreve a emergência do Estado como um processo ininterrupto de “modernização” – ou seja, para precisar o obscuro pelo mais obscuro, o vago pelo mais vago – de “racionalização” e de “secularização”, obedecendo a uma espécie de impetus natural e não às escolhas historicamente determinadas de agentes históricos específicos.