Resumo Português:
Ao pensar um processo artístico em todas suas camadas (im)possíveis, é inevitável que haja
uma constante movimentação, um vaivém, uma errância conectada via retroalimentação
em ressonâncias – talvez uma “ressonerrância” – criando pontes e pontos de partida e
chegada, e vice-versa: ao mesmo tempo pergunta e resposta na pesquisa e prática artística.
Em desterritorializações e reterritorializações constantes se tece uma rede heterogênea, teia
rizomática, sem centro, começo ou fim. Feita de linha(s) de fuga(s), traz à tona questões,
(re)arranjos e (re)configurações. Há um andarilhar errático, um nomadismo acontecendo de
marco zero a marco zero – estes não fixos eles mesmos –, tomando desvios pelo fora, no
funcionamento e operação de uma espécie de sistema ou máquina abstrata que põe em
ação o pensar e o fazer, indissociáveis, embora carregando especificidades e singularidades
cada – como se numa simbiose. Como se dá um processo e quando se dá um processo?
Processos são disparados a cada esbarrão entre situações: ideias, leituras, escutas, escritas,
trabalhos. Ainda assim, para que esse seja disparado e o esbarrão aconteça, é preciso
que antes algo seja posto em movimento: situações outras – dando início a um andarilhar,
caminhar, um nomadismo não necessariamente envolvendo um deslocamento do corpo, mas
podendo acontecer numa estante, mesmo num processo de escrita. Tal movimento é o que
propulsiona, numa retroalimentação, um processo a operar – inseparável do movimento e dos
nomadismos das linhas de fuga disparadas dos esbarrões: germinadores de meios, marcos
zeros, pontos de passagem. Um processo nômade transborda margens de erro: não do erro
enquanto rasura (embora a ideia seja interessante a ser investigada), mas do erro enquanto
errância. Margens de erro, quando perfuradas pelo caminhar claudicante e nômade do artista
pesquisador, dão vazão a vibrações, reverberações e ressonâncias.
Resumo Inglês:
When thinking about an artistic process in all its (im)possible layers, it is inevitable that there
is a constant movement, a coming and going, an erratic wandering connected via feedback
in resonances creating bridges and points of departure and arrival, and vice versa: the work
being at the same time question and answer in research and artistic practice. In constant
deterritorializations and reterritorializations, a heterogeneous network is weaved, a rhizomatic
web, without center, beginning or end. Made of line(s) of flight(s), it brings up questions, (re)
arrangements and (re)configurations. There is an erratic wandering, a nomadism happening
from ground zero to ground zero - these are not fixed themselves -, taking detours from the
outside, in the functioning and operation of a kind of system or abstract machine that puts
thinking and doing into action, inseparable, although carrying specificities and singularities
each – as if in a symbiosis. How does a process take place and when does a process take place?
Processes are triggered at each bump between situations: ideas, readings, listening, writing,
work. Even so, for this to be triggered and the bump to happen, something must first be set in
motion: other situations – starting a wandering, walking, a nomadism not necessarily involving
a displacement of the body, but which can happen on a shelf, even in a writing process. Such
a movement is what propels, in a feedback loop, a process to operate – inseparable from the
movement and nomadism’s of the lines of flight shot from the bumps: germinators of means,
zero marks, crossing points. A nomadic process overflows margins of error: not of error as
erasure (although the idea is interesting to investigate), but of error as errancy. Margins of
error, when punctured by the limping and nomadic walk of the researcher artist, give vent to
vibrations, reverberations and resonances.
Resumo Espanhol:
Al pensar en un proceso artístico en todas sus (im)posibles capas, es inevitable que haya un
movimiento constante, un ir y venir, un deambular conectado a través de la retroalimentación
en resonancias creando puentes y puntos de partida y llegada, y viceversa: al mismo
tiempo pregunta y respuesta en la investigación y la práctica artística. En constantes
desterritorializaciones y reterritorializaciones, se teje una red heterogénea, una red rizomática,
sin centro, principio ni fin. Compuesto por línea(s) de vuelo(s), plantea preguntas, (re)arreglos
y (re)configuraciones. Hay un deambular errático, un nomadismo que va de punto cero a
punto cero – estos no son fijos en sí mismos –, tomando desvíos desde el exterior, en el
funcionamiento y operación de una especie de sistema o máquina abstracta que pone en
acción el pensar y el hacer, inseparables, aunque con especificidades y singularidades cada
uno, como en una simbiosis. ¿Cómo se lleva a cabo un proceso y cuándo se lleva a cabo un
proceso? Los procesos se desencadenan en cada colisión entre situaciones: ideas, lecturas,
escucha, escritura, trabajos. Aun así, para que esto se desencadene y se produzca el batacazo,
primero hay que poner en marcha algo: otras situaciones – iniciar un deambular, andar, un
nomadismo que no implica necesariamente un desplazamiento del cuerpo, pero que puede
darse en una estantería, incluso en un proceso de escritura. Tal movimiento es el que impulsa,
en un circuito de retroalimentación, un proceso para operar, inseparable del movimiento y
nomadismos de las líneas de fuga disparadas desde los baches: germinadores de medios,
marcas cero, puntos de cruce. Un proceso nómada desborda márgenes de error: no del error
como borrado (aunque la idea es interesante de investigar), sino del error como errancia. Los
márgenes de error, al ser perforados por el andar cojo y errante del artista investigador, dan
rienda suelta a vibraciones, reverberaciones y resonancias.