O objetivo deste trabalho eÌ investigar os movimentos subjacentes ao gesto de rasurar produzidos por duplas de alunos enquanto combinam e escrevem histoÌrias inventadas em contexto escolar. Entretanto, focamos as rasuras que atestam a presença do equiÌvoco enquanto constitutivo da liÌngua e do sentido que aiÌ se produz. O procedimento metodoloÌgico atraveÌs do qual os dados foram coletados consistiu em filmar uma dupla de estudantes desde o momento em que combinavam uma histoÌria inventada ateÌ o momento de escreveÌ‚-la e concluiÌ-la. Os registros nomeados por Lacan como Real, SimboÌlico e ImaginaÌrio revelaram-se essenciais no desenvolvimento do trabalho, uma vez que eÌ possiÌvel atraveÌs deles articular o inconsciente com o sujeito, com a liÌngua e com o discurso. O exemplo mostra que a rasura não eÌ, a despeito das intenções dos estudantes, instrumento de “correçãoâ€. Pretendemos mostrar que as rasuras feitas pelos estudantes apontam para um movimento que busca a semelhança, atraveÌs do reconhecimento sobre o que foi dito/escrito e o que deveria ter sido dito/escrito. Entretanto, a “escutaâ€, efeito deste reconhecimento, não caminha sempre nesta direção, uma vez que haÌ rasuras que atestam o que aqui chamamos de “escuta equivocanteâ€, pois, o aluno, ao procurar a semelhança, a unidade, por vezes rasura o que estava correto, produzindo um equiÌvoco.