O artigo é uma investigação sobre a história das emoções, problematizando a solidão na tragédia grega Filoctetes (409 a.C.) de Sófocles. A historicidade dos sentimentos tem ganhado destaque com uma nova historiografia que reivindica um passado para as emoções, negando sua universalidade. O texto apresenta, por meio de estudo do vocabulário grego, uma relação semântica entre solidão (mónos), doença (nósos) e desertado (éremos), construindo a noção de solidão política. O tema da solidão tem se tornado cada vez mais importante em um contexto de pandemia, em que a solidão foi ressignificada em sua dimensão social. Apresentar a solidão como um problema histórico ajuda-nos a entender suas dimensões sociais como um sentimento e uma emoção.
This paper examines solitude in the Greek tragedy Philoctetes by Sophocles (409 BCE) through the perspective of the history of emotions. The historicity of feelings has gained attention with a new historiography that asserts a past for emotions and denies their universality. By examining Greek vocabulary, the paper presents a semantical relationship between solitude (mónos), disease (nósos) and deserted (éremos), establishing the notion of political solitude. Solitude has become an increasingly important theme during a pandemic in which it has been socially resignified. Analyzing solitude as a historical issue helps us understand it from a social viewpoint as a feeling and an emotion.