Este artigo apresenta parte dos esforços empreendidos para análise da construção social contemporânea das celebridades, bem como o papel que elas exercem na civilização midiática. Para tanto, debruçamo-nos sobre o programa televisivo norte-americano South Park, uma animação que se dedica a caricaturá-las. Trabalhamos com a hipótese de que o Ãdolo é um simulacro que não resiste à profanação do humor. Nesse sentido, tomamos como principal referencial teórico-investigativo os conceitos de “dispositivo†e “profanação†de Giorgio Agamben, para quem a caricatura presente nos cartoons desvela o caráter humano e ordinário do Ãdolo, removendo o véu da fantasia que o sacraliza. Mas mobilizamos também, como outros operadores conceituais, o “real†lacaniano, uma vez que, por definição, ele não se deixa desprender nem do imaginário nem do simbólico e também a noção de sujeito cÃnico, conforme desenvolvido por Slavoj Žižek, o que nos leva a elaborar uma outra hipótese, a de que o engajamento na modalização profanatória do programa pode não ocorrer em razão justamente dessa recepção cÃnica por parte de sua audiência. O corpus selecionado para análise constitui-se de 71 episódios de 22 minutos de duração, selecionados dentre mais de 200 do referido programa, exibidos entre 1997 e 2011 e também o longa-metragem, South Park: maior, melhor e sem cortes (1999). A seleção recorta principalmente os episódios que se prestam particularmente ao que se pretende demonstrar.