O campo da performance é, em sua constituição, interdisciplinar, pois sabe-se que as formas expressivas, longe de pertencerem apenas ao escopo de investigação das Artes, são também objeto de interesse epistemológico das Ciências Sociais e Humanas. Isso significa dizer que a ideia de performance é aqui tratada em sentido lato, traduzida nos múltiplos significados e alcances das práticas performáticas trazidas por cada um/a dos/as autores/as deste dossiê. Este conjunto de artigos, portanto, visa contribuir com o estreitamento da zona de intersecção entre os estudos de performance e os estudos de gênero e sexualidade. Entendemos (a partir do diálogo com autoras/es como Judith Butler, Paul Preciado, Raewyn Connell, Marcia Ochoa, bell hooks, Angela Davis e Patricia Hill Collins) que os atos performáticos, estejam eles situados naquilo que consideramos como “acontecimentos cotidianos” ou “realizações artísticas”, são também expressivos das noções de gênero, raça e sexualidade que formam nosso entendimento do mundo e das relações sociais. Performances são também reveladoras de nossos processos de subjetivação, formulando e sistematizando, de modo nem sempre inteligível, nossas maneiras de ser e estar no mundo a partir dos marcadores sociais da diferença que nos atravessam. Este dossiê visa reunir trabalhos que representem a diversidade em múltiplas perspectivas. Sendo assim, procuramos juntar pesquisadores/as de diferentes universidades brasileiras, com diferentes níveis de formação (desde graduadas/os até doutoras/es) e, especialmente, com diversas abordagens de pesquisa advindas de seus respectivos campos de estudos. De todo modo, na condição de organizadores, recebemos propostas em que predominaram os campos da Antropologia e da Música. Consideramos que esta inclinação se deveu, em grande parte, às nossas próprias trajetórias acadêmicas, aos nossos campos de atuação profissional e aos próprios interesses de pesquisa que, atualmente, norteiam nossas ações. Nesse sentido, percebemos que nossas trajetórias e atuações como antropólogos que pesquisam e lecionam na interface com os campos da Música (Rafael Noleto) e Museologia (Hugo Menezes Neto) surtiram efeitos nos perfis de trabalhos recebidos.
The field of performance is, in its constitution, interdisciplinary, since it is known that expressive forms, far from belonging only to the scope of investigation of the Arts, are also an object of epistemological interest in the Social and Human Sciences. This means that the idea of performance is treated here in a broad sense, translated into the multiple meanings and scope of the performance practices brought by each one of the authors of this dossier. This set of articles, therefore, aims to contribute to the narrowing of the zone of intersection between performance studies and gender and sexuality studies. We understand (from dialogue with authors such as Judith Butler, Paul Preciado, Raewyn Connell, Marcia Ochoa, bell hooks, Angela Davis and Patricia Hill Collins) that performance acts, whether they are situated in what we consider to be “everyday events” or “Artistic achievements” are also expressive of the notions of gender, race and sexuality that form our understanding of the world and social relations. Performances are also revealing of our subjectivation processes, formulating and systematizing, in a way that is not always intelligible, our ways of being and being in the world based on the social markers of the difference that cross us. This dossier aims to bring together works that represent diversity in multiple perspectives. Therefore, we seek to bring together researchers from different Brazilian universities, with different levels of education (from graduates to PhDs) and, especially, with different research approaches coming from their respective fields of study. Anyway, as organizers, we received proposals in which the fields of Anthropology and Music predominated. We believe that this inclination was due, in large part, to our own academic trajectories, our fields of professional activity and the very research interests that currently guide our actions. In this sense, we realized that our trajectories and activities as anthropologists who research and teach at the interface with the fields of Music (Rafael Noleto) and Museology (Hugo Menezes Neto) have had an effect on the profiles of works received.
El campo de actuación es, en su constitución, interdisciplinario, ya que se sabe que las formas expresivas, lejos de pertenecer únicamente al ámbito de la investigación de las Artes, también son objeto de interés epistemológico en las Ciencias Sociales y Humanas. Esto significa que la idea de rendimiento se trata aquí en un sentido amplio, traducido en los múltiples significados y el alcance de las prácticas de rendimiento aportadas por cada uno de los autores de este dossier. Este conjunto de artículos, por lo tanto, tiene como objetivo contribuir al estrechamiento de la zona de intersección entre los estudios de rendimiento y los estudios de género y sexualidad. Entendemos (del diálogo con autores como Judith Butler, Paul Preciado, Raewyn Connell, Marcia Ochoa, bell hooks, Angela Davis y Patricia Hill Collins) que los actos de actuación, ya sea que estén ubicados en lo que consideramos "eventos cotidianos" o Los "logros artísticos" también expresan las nociones de género, raza y sexualidad que forman nuestra comprensión del mundo y las relaciones sociales. Las actuaciones también revelan nuestros procesos de subjetivación, formulando y sistematizando, de una manera que no siempre es inteligible, nuestras formas de ser y estar en el mundo basadas en los marcadores sociales de la diferencia que se nos cruza. Este dossier tiene como objetivo reunir obras que representan la diversidad en múltiples perspectivas. Por lo tanto, buscamos reunir a investigadores de diferentes universidades brasileñas, con diferentes niveles de educación (desde graduados hasta doctorados) y, especialmente, con diferentes enfoques de investigación provenientes de sus respectivos campos de estudio. De todos modos, como organizadores, recibimos propuestas en las que predominaban los campos de Antropología y Música. Creemos que esta inclinación se debió, en gran parte, a nuestras propias trayectorias académicas, nuestros campos de actividad profesional y los mismos intereses de investigación que actualmente guían nuestras acciones. En este sentido, nos dimos cuenta de que nuestras trayectorias y actividades como antropólogos que investigan y enseñan en la interfaz con los campos de la música (Rafael Noleto) y la museología (Hugo Menezes Neto) han tenido un efecto en los perfiles de las obras recibidas.