Ha alguns respeitáveis comentadores de Kant que
argumentam que as conclusões que ele chega em relação a
imoralidade da homossexualidade, e alguns temas relacionados a
sexualidade, como prostituição e casamento, não são justificáveis
em seu sistema. Guyer argumenta que o princÃpio teleológico dos
seres vivos não tem um papel normativo fundamental na filosofia
moral de Kant, e embora Kant use o principio em alguns aspectos do
seu tratamento da sexualidade e em alguns argumentos contra o
suicÃdio, ele não tem justificativa para fazê-lo sendo o princÃpio
teleológico incompatÃvel com sua visão de liberdade. Denis acredita
que o apelo aos propósitos da natureza é uma parte limitada de seus
argumentos em favor dos deveres para conosco, e não há
justificativa para a visão kantiana de que a homossexualidade é
imoral. Mas seriam estas interpretações de Kant corretas? Discuto
neste artigo a visão de Kant sobre homossexualidade e sua
justificação. Mostro, em oposição a Guyer e Denis, que o princÃpio
teleológico e a Fórmula da Lei Universal da Natureza na discussão
Kantiana sobre a homossexualidade têm um papel central e
fundamental no sistema moral kantiano e uma correta compreensão
de seu conceito de autonomia (liberdade positiva) requer
pressuposições teleológicas, especialmente aquelas relacionadas ao
propósito do instinto sexual na preservação das espécies e o papel
do instinto do amor próprio na conservação de nossas vidas.