Surgimento de organizações de pacientes para Cannabis medicinal no Chile: delimitação do campo científico, monopólio da enunciação e injustiça epistêmica

Temáticas

Endereço:
Rua Cora Coralina, n.100 - Cidade Universitária
Campinas / SP
13083-896
Site: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas
Telefone: (19) 9696-3764
ISSN: 2595-315X
Editor Chefe: Maria Caroline Marmerolli Tresoldi
Início Publicação: 23/09/2020
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Surgimento de organizações de pacientes para Cannabis medicinal no Chile: delimitação do campo científico, monopólio da enunciação e injustiça epistêmica

Ano: 2020 | Volume: 28 | Número: 55
Autores: Rebolledo, Mauricio Sebastian Becerra
Autor Correspondente: Mauricio Sebastian Becerra Rebolledo | [email protected]

Palavras-chave: Cannabis medicinal, Organizações de pacientes, Cidadania biológica, Tarefa de delimitação, Injustiça epistêmica

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A conformação de associações de pacientes que usam cannabis medicinal e sua articulação política na segunda década do século XXI gerou uma controvérsia sobre as propriedades terapêuticas desta planta que tem como contraparte o corpo médico chileno. Este artigo descreve o surgimento das organizações de pacientes e a suas famílias agrupadas em torno da terapêutica à base de cannabis e analisa a resposta da corporação médica. Analisa-se a preocupação por parte dos agentes sanitários para delimitar o campo científico (boundary-work) do objeto-cannabis utilizando a produção de estudos de Medicina Baseada em Evidências e, através dessa metodologia, estabelecerem-se como autoridades na matéria e assim monopolizar a discussão. Considero que a compreensão das relações terapêuticas, em que a experiência dos pacientes é minimizada, é uma forma de injustiça epistêmica. Sugiro ainda que, além da disputa sobre as qualidades terapêuticas de um fármaco, a controvérsia em torno da maconha medicinal implica tensões que dizem respeito das relações médico-paciente e as epistemias médicas.



Resumo Inglês:

The formation of patient associations that use medical cannabis and its political articulation in the second decade of the 21st Century generated a controversy over the therapeutic properties of this plant that has as its counterpart the Chilean medical establishment. This article describe the emergence of patient organizations and their families grouped around cannabis-based therapeutics and analyze the response of the medical associations. I will revise the concern of the health agents to delimit the scientific field (boundary-work) on the object-cannabis from studies of Evidence-Based Medicine and, through this methodology, settle in as authorities in the field, monopolizing the discussion. I regard that this understanding of therapeutic relationships, in which the experience of patients is minimized, is a form of epistemic injustice. I further suggest that beyond the dispute over the therapeutic qualities of a medications, the controversy surrounding medical cannabis implies background tensions regarding doctor-patient relationships and medical epistemes.



Resumo Espanhol:

La conformación de asociaciones de pacientes que usan el cannabis medicinal y su articulación política en la segunda década del siglo XXI generó una controversia sobre las propiedades terapéuticas de dicha planta que tiene como contraparte al estamento médico chileno. Este artículo describe la emergencia de las organizaciones de pacientes y sus familiares agrupados en torno de la terapéutica en base de cannabis y analiza la respuesta del corporativismo médico. Se revisará la preocupación de parte de los agentes sanitarios por delimitar el campo científico (boundary-work) sobre el objeto-cannabis produciendo estudios de Medicina Basada en la Evidencia y, a través de esta metodología, instalarse como autoridades en la materia, monopolizando así la discusión. Considero que dicha comprensión de las relaciones terapéuticas, en la que la experiencia de los pacientes es minimizada, es una forma de injusticia epistémica. Sugiero además que más allá de la disputa sobre las propiedades de un fármaco, la controversia en torno del cannabis medicinal implica tensiones de fondo respecto de las relaciones médico-pacientes y las epistemias médicas.