No presente trabalho, pretendemos discutir a construção da subjetividade e sua relação com as categorias de gênero, em especial, o caso do masculino no romance Limite branco (1970), de Caio Fernando Abreu. Nesse texto, Abreu empreende uma crítica sutil dos modelos normativos vigentes em sua época, a serem passo a passo desmantelados ao longo das últimas décadas. Dessa forma, o processo de amadurecimento da personagem nos leva a uma fluidez que coloca em xeque as noções do que se concebe, tradicionalmente, enquanto próprias do indivíduo. Acreditamos que a aprendizagem, ou ―des-aprendizagem‖, conforme propomos, se estrutura a partir da interação/estranhamento do indivíduo para com o ambiente em que vive, o qual se revela ora como refúgio, ora como uma das armadilhas do poder. Enquanto referencial teórico, reflexões sobre os estudos de gênero e, dentre esses, as levantadas pelos men‘s studies, amparam as discussões aqui levantadas.
In the present work we intend to discuss the construction of subjectivity in relation to gender categories, in especial the male case, in Caio Fernando Abreu‘s first novel Limite branco (1970). In this text, Abreu undertakes a critique of normative models of his time through the young protagonist‘s point-of-view to be gradually dismantled along the last decades. Thus, the process of maturation of the protagonist of the narrative, takes us to face a fluidity that puts at stake the notions of what is traditionally taken into account as appropriate to the individual. We believe that the learning or ―un-learning‖ process as proposed here structures itself based upon the interaction/estrangement between man and its social environment, taken either as refuge, or a possible trap in the hands of power. As theoretical guidance, studies on the displacement of the gender studies and the men's studies in particular sustain the discussions here raised.