Este estudo objetiva analisar a alternância dos pronomes te e lhe como oblÃquos de 2a pessoa, na função de acusativo, em cartas pessoais cearenses, escritas durante o século XX, à luz dos pressupostos teórico- metodológicos da SociolinguÃstica Variacionista (LABOV, 1972; 1994). A amostra a ser analisada é composta por 186 cartas pessoais escritas por cearenses. Busca-se investigar a atuação dos grupos de fatores tipo semântico do verbo; estrutura do verbo; posição do clÃtico em relação ao verbo e a variável extralinguÃstica década em que as cartas foram escritas. Os dados analisados foram submetidos ao programa computacional GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005) e indicam que a) como acusativo de 2a pessoa, a forma te (60%) é mais recorrente do que a forma lhe (40%); b) verbos do tipo dicendi favorecem o uso de lhe (68%), enquanto verbos de sentimento o desfavorecem (12%); c) nas ocorrências de ênclise, lhe foi mais frequente (60%) do que te (40%); e d) a variação de te~lhe acusativo nos anos 1940-1959 foi de 44% de te e 56% de lhe, havendo um uso bem maior de te (70%) do que de lhe (30%) nos anos de 1980-1999.
This study analyzes the alternation of pronouns te and lhe for the 2nd person, in the function of accusative in personal letters written in Brazilian Portuguese during the 20th century, in the light of the theoretical and methodological assumptions of Variationist Sociolinguistics (LABOV, 1972; 1994). The sample to be analyzed consists of 186 personal letters written by people from the state of Ceará. The aim is to investigate the performance of groups of factors: semantic type of the verb; structure of the verb; position of the clitic, in addition to extra-linguistic variable decade in which the letters were written. Data were submitted to the computer program GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005) and indicate that a) as accusative of 2nd person, the form te (60%) is more recurrent than the form lhe (40%); b) dicendi verbs favour the use of lhe (68%), while verbs of feeling disfavor it (12%); c) in the enclises, lhe was most common (60%) than te (40%); and d) the te~lhe accusative variation was more balanced in the first two periods analyzed, with a much greater use of te (70%) in the last period (1980-1999).