Teatro em silencio: onde foi parar o Jubileu de Amores, de Gil Vicente (c.1465 - c.1536)?

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ISSN: 1414.5731
Editor Chefe: Vera Regina Martins Collaço
Início Publicação: 01/08/1997
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes

Teatro em silencio: onde foi parar o Jubileu de Amores, de Gil Vicente (c.1465 - c.1536)?

Ano: 2020 | Volume: 2 | Número: 38
Autores: Denise Rocha
Autor Correspondente: Denise Rocha | [email protected]

Palavras-chave: Teatro, Gil Vicente, Jubileu de Amores, censura, inquisição

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O texto propõe uma revisitação da inquisição literária e da censura teatral no século XVI em Portugal, em uma época de fausto e cultura, promovida pelos gigantescos lucros do colonialismo, que proporcionou à corte lisboeta a presença de Gil Vicente (c.1465- c.1536): Ourives, dramaturgo, encenador e artista, ele escreveu, desde o ano de 1502 até 1536, cerca de 45 peças teatrais, algumas das quais foram silenciadas pela máquina de censura do Tribunal do Santo Ofício, instalado em 1536. O objetivo do artigo é delinear, principalmente, um momento histórico que selou o destino de uma obra vicentina: Em Bruxelas (Flandres), no dia 21 de dezembro de 1531, foi apresentado um auto de Gil Vicente, Jubileu de Amores, por ocasião das comemorações do nascimento de D. Manuel, filho do rei D. João III. Presente estava o cardeal Girolano Aleandro, diplomata enviado pelo Papa para persuadir o imperador Carlos V a intervir contra a heresia alemã, desencadeada por Martim Luther. Em carta enviada para o secretário papal, Aleandro teceu severas críticas à comédia vicentina, a qual recriminava o sistema de indulgências de Roma. A peça foi encenada na corte lusa, mas não foi incluída na Copilaçam de Todalas obras de Gil Vicente de 1562 e desapareceu sem deixar vestígios.



Resumo Inglês:

The text proposes a new visit the literary inquisition and theatrical censorship in the 16th century in Portugal, a time when pomp and culture, provided by the huge profits of colonialism, which granted Lisbon court the presence of Gil Vicente (c.1465- c.1536): goldsmith, playwright, director and artist, he wrote, from 1502 to 1536, about 45 plays, some of them made silent by the machinery of the Holy Office Court, established in 1536. This paper was carried out to delineate, mainly, a historical moment which put an end to Gil Vicente’s work: In Brussels (Flandres), on December 21, 1531, a short play by Gil Vicente, Jubileu de Amores, to celebrate the birth of D. Manuel, son of the King D. João III. Among the people in the audience there was Girolano Aleandro, a diplomat sent by the Pope to persuade the Emperor Charles V to intervene against the German heresy, aroused by Martin Luther. In a letter sent to the Pope’s secretary, Aleandro wrote a severe criticism against Gil Vicente’s comedy, in which there was a recrimination of the system of indulgences granted by Rome. The play was staged in the Portuguese court nor was included into Copilaçam deTodalas obras de Gil Vicente of 1562 and disappeared without trace.



Resumo Espanhol:

El texto propone una revisión de la inquisición literaria y la censura teatral en el siglo XVI en Portugal, en una época de riqueza y cultura, impulsada por los gigantescos logros del colonialismo, que dotó a la corte de Lisboa de la presencia de Gil Vicente (c.1465-c. 1536): Orfebre, dramaturgo, director y artista, escribió, de 1502 a 1536, unas 45 obras, algunas de las cuales fueron silenciadas por la máquina de censura del Tribunal do Santo Oficio, instalado en 1536. El objetivo de la El artículo es esbozar, principalmente, un momento histórico que selló el destino de una obra vicenciana: en Bruselas (Flandes), en el 21 de diciembre de 1531 se presentó un carro Jubileo de Amores de Gil Vicente con motivo de las celebraciones del nacimiento de D. Manuel, hijo del rey D. João III. Estuvo presente el cardenal Girolano Aleandro, un diplomático enviado por el Papa para persuadir al emperador Carlos V de intervenir contra la herejía alemana, desencadenada por Martín Lutero. En una carta enviada al secretario papal, Aleander criticó severamente la comedia vicenciana, que reprochaba el sistema de indulgencias de Roma. La obra se representó en la corte portuguesa, pero no se incluyó en las obras Copilaçam de Todalas de Gil Vicente de 1562 y desapareció sin dejar rastro.