Este artigo levanta relações possÃveis entre a ficção televisiva e a construção de imaginários sobre espaços sociais, com foco nos modos de representação da periferia em duas novelas da Rede Globo de Televisão (“Avenida Brasil†e “Salve Jorgeâ€). Do ponto de vista teórico, invisto no conceito de teletopia como tentativa de refletir sobre a teledramaturgia brasileira desde um ponto de vista espacial, reconhecendo, assim, a presença significante dessas narrativas como elemento constituinte de mundividências sociais e subjetivas. Como resultado desse processo de investigação, aponto um incômodo que move esta escritura: a suposta ascensão da periferia ao centro das narrativas ficcionais, ao contrário do presumÃvel, integra um jogo de (in)visibilidade que propaga a diferença e a marginalização, dando a ver um humanismo colonizador que heroifica a pobreza para desanuviar as desigualdades alimentadas por esse mesmo jogo.