O presente trabalho propõe uma análise do livro de contos Bichos, de 1940, do escritor português Miguel Torga, a partir da questão do humanismo telúrico. De acordo com Eduardo Lourenço, no ensaio intitulado Um nome para uma obra, o humanismo telúrico é um princÃpio organizador da obra de Torga e já está presente no próprio nome artÃstico adotado pelo contista. Dessa forma, será abordada a questão da representação e da construção desses sentidos no universo ficcional desses contos. A pertença à região de Trás-os-Montes e a própria vida em um sentido biológico, sendo representada pela terra e pela germinação, são aliadas a uma constante busca existencial, possibilitada pela dimensão psicológica de personagens animais/humanos em um movimento de analepse em momentos derradeiros como morte, aborto ou assassinato que recupera a narrativa de suas vidas e de suas angústias.
This work intends to analyze, with the question of telluric humanism, the short stories of the book Bichos (1940), by Portuguese writer Miguel Torga. According to Eduardo Lourenço, in the essay called Um nome para uma obra, the telluric humanism is an organizing principle of the Torga’s work. It is present even in the pen name adopted by the short stories writer. Thus, in this work will be approach the question of representation and construction of these senses in the fictional universe of the Bichos. The belonging to the region of Trás-os-Montes and the life as a biological sense (represented by earth and germination) are added with a constant existential quest. This is possible by the psychological dimension of the animal/human characters, which recovers the narrative of their lives and anguishes through the use of analepsis in moments such as death, abortion or muder.