A teoria dos dois circuitos da economia foi desenvolvida por Milton Santos, na década de 1970, como uma resposta aos estudos urbanos e econômicos tradicionais que tinham como paradigma a planificação, marcada pela polÃtica liberal. Em sendo assim, uma constante instabilidade é indicada visando, não atacar as causas da pobreza e do subdesenvolvimento, mas mostrar as consequências desse processo. Igualmente o circuito inferior, a economia informal, a economia com base familiar e as diversas saÃdas e formas que a população de baixa renda encontra para resolver seu cotidiano, eram vistas, não em um processo totalizador, mas como anomalias que precisavam ser resolvidas imediatamente. Apenas o circuito superior, dentro da lógica capitalista e cada vez mais internacionalizado era visto como resolvido e dono das ações futuras. Passados 35 anos, e já no processo de Globalização, a teoria dos dois circuitos da economia pode ser pensada e atualizada, tendo em vista as indústrias contemporâneas de mÃdia e sua relação com o território usado, âmbito dos homens lentos e opacos que se apropriam das tecnologias produzidas no circuito superior e a revivem no inferior. Uma cotidianeidade na qual apps e gadgets, dual SIM e outras tecnologias midiáticas são postos a serviço de novas combinações e usos, além daqueles para os quais foram criados. Essas particularidades das tecnologias e de seus usos trazem formas, também novas, de organizar o espaço, principalmente, urbano. Assim, os circuitos superior e inferior devem ser entendidos em uma relação em que, a sÃntese, é a própria tecnologia midiática urbana.