As crises financeira, energética, ambiental e alimentar na primeira década dos anos 2000 potencializaram uma corrida mundial por terras, popularizando o conceito de land grabbing. O Brasil tem atraído o capital financeiro (inter)nacional para o campo por conta do grande “estoque” de terras e o seu preço relativamente barato nas áreas de expansão da fronteira agrícola moderna. Ressalta-se que a terra aparece, no período atual, como uma das principais formas do capital excedente se valorizar. A acumulação futura se dá a partir da absorção de partes cada vez maiores do mais-valor pela captura da renda da terra, minimizando ou anulando a tendência à queda da taxa de lucro, ou seja, os efeitos decorrentes da crise financeira. Há uma série de mecanismos, práticas e instrumentos que mostram a integração entre o capital financeiro e o controle de terras, ou seja, a financeirização da agricultura. Neste trabalho, discute-se a transformação da terra em ativo financeiro a partir das seguintes perspectivas: a abertura de empresas do agronegócio na Bolsa de Valores, a expansão dos instrumentos do mercado de capitais para financiamento da agricultura e pecuária, a criação dos fundos imobiliários agrícolas, o crowdfunding de fazendas e o surgimento das imobiliárias agrícolas.
The financial, energy, environmental, and food crises in the first decade of the 2000s fueled a world race for land, popularizing the concept of land grabbing. Brazil has attracted the (inter)national financial capital to the countryside due to the large “stock” of land and its relatively low price in the expansion areas of the modern agricultural frontier. It is noteworthy that the land appears, in the current period, as one of the primary forms of surplus capital to appreciate. Future accumulation takes place from the absorption of increasingly more extensive parts of surplus-value by capturing the ground rent, minimizing or nullifying the tendency for the rate of profit to fall, that is, the effects resulting from the financial crisis. Several mechanisms, practices, and instruments show the integration between financial capital and land control, that is, the financialization of agriculture. In this paper, we discuss the transformation of land into a financial asset from the following perspectives: the opening of agribusiness companies on the Stock Exchange, the expansion of capital market instruments for financing agriculture and livestock, the creation of farmland REITs – real estate investment trust, the crowdfunding of farms, and the rise of agricultural real estate.