O presente artigo analisa a dinâmica espacial do capital, que acarreta a produção de territórios de segregação, marcados pela precarização de políticas públicas e por uma intensa violência estrutural. Considera-se o contexto de mortalidade presente nesses espaços como fruto do processo de reprodução do capital – na perspectiva da descartabilidade da vida humana –, no qual são encobertos por concepções ideológicas que – ao estigmatizarem determinados segmentos como sujeitos catalisadores da violência – ocultam a raiz estrutural presente nos processos responsáveis pelas múltiplas violências. Aponta-se para a necessidade de considerar tais territórios não como violentos, mas como espaços violentados pela dinâmica do capital, a fim de dar visibilidades para suas contradições diante da atual crise estrutural, que resulta na ampliação das violências às populações moradoras desses territórios. Ressalta-se a necessidade de estabelecer um movimento contra-hegemônico na busca de ampliação de políticas sociais como forma de enfrentamento ao contexto de mortalidade na realidade atual.
This article analyzes the spatial dynamics of the capital, which produces territories of segregation, marked by the precariousness of public policies and by intense structural violence. It considers the context of mortality present in these spaces as a result of the process of reproduction of capital in the perspective of the disposability of human life, in which they are concealed by ideological conceptions that – by stigmatizing certain segments, as subjects that catalyze violence – conceal the structural root present in the processes responsible for the multiple violences. One points to the need to consider these territories not as violent, but as spaces violated by the dynamics of capital, in order to give visibility to their contradictions in the current structural crisis, which results in an increase in violence for the inhabitants of these territories. It is necessary to establish an antihegemonic movement in the search for an expansion of social policies as a way of coping with the context of mortality in the current reality.