Realidades compreendidas como territórios de intensos contatos interculturais, como os paÃses da América
Latina, têm se tornado foco de interesse de pesquisadores e, mais recentemente, analisadas sob a ótica da crÃtica póscolonial.
Os teóricos pós-colonialistas procuram situar, no contexto sócio-cultural e polÃtico de paÃses periféricos, as
expressões que se produziram à margem de um conhecimento hegemônico acerca dos procedimentos civilizatórios
colonizadores. Buscando entender e situar melhor as experiências de reorganização ou recomposição sucessivas a
momentos de descentramento e/ou desterritorialização, os autores pós-coloniais analisam as múltiplas realidades de
indivÃduos e grupos que operam sobre margens vivas de contextos de dominação e subordinação, produzindo novos
matizes, à medida que também compreendem a teia na qual os elementos de subordinação são produzidos. Este ensaio
discorre a respeito do conceito de entre-lugares, proposto por Homi Bhabha, procurando estabelecer paralelos com
outros teóricos que sinalizam transformações redefinidoras do espaço de composição social, a partir de contatos
intersubjetivos e interculturais. Embora a ênfase no processo de organização polÃtica dos grupos sociais seja um
elemento de distinção entre pós-colonialistas e outros teóricos citados neste trabalho, a aposta no contato intersubjetivo
e intercultural como processo criativo e em permanente tensão/negociação – aspectos comuns ao pensamento dos
autores – pode auxiliar na defesa de uma realidade pós-colonial em que os domÃnios possam ser contestados e em que
novas dinâmicas significativamente transformativas da tessitura social contemporânea possam contemplar a diversidade
das experiências afetivas, ético-estético-polÃticas.