O presente artigo tem como objetivo oferecer parâmetros para se desvendar como
as diferentes geografias da metrópole (delineadas por raça e classe social) se constituem em
locus diferenciados do viver e do morrer. A partir de análise da distribuição desigual de
mortes violentas no espaço urbano da cidade de São Paulo entre 2003 e 2008, o artigo
sugere que há um padrão mórbido de governança espacial que elege determinadas
geografias urbanas e determinados corpos como os alvos de controle e produção do medo.
Os conceitos de necropoder e governamentalidade discutidos por Michael Foucault (1991) e
Achille Mbembe (2003), respectivamente, sustentam o argumento de que a distribuição
desigual da morte no municÃpio se constitui em uma necropolÃtica estatal de gestão do
espaço urbano e controle da população, seja por omissão seja por cumplicidade com os
padrões mórbidos de relações raciais no Brasil.
Based on analysis of the distribution of violent deaths in the urban space of the
municipality of São Paulo between 2003 and 2008, the article suggests that there is a morbid
patterns of spatial governance that elects specific urban geographies and specific bodies as
the main target if control and production of fear. Based on Foucault’s concepts of
governmentality and Achilles Mbembe’s concept of necropower, the work also suggests that
the concentration of death in predominately black neighborhoods constitutes a statesponsored
necropolitic. Such politic of death is expressed in the state omission and/or its
complicity with the morbid patterns of racial relations in Brazil.