Este ensaio apresenta as seguintes três breves considerações sobre autoconhecimento e transparência: (a) a transparência do conteúdo mental é um traço caracterÃstico do autoconhecimento; (b) o tratamento epistemológico da transparência do conteúdo tem obscurecido a noção de autoconhecimen-to e o lugar que essa noção ocupa na imagem que temos de pessoa e da ação humana; e (c) quando digo ter uma crença, a transparência não é um traço lógico ou epistêmico do discurso de primeira pessoa, mas antes é uma ex-pressão das atitudes pelas quais sou responsável. Com isso, pretendo sugerir que o autoconhecimento não é um conhecimento (que pode ser justificado e garantido teoricamente), mas uma caracterÃstica da posição de primeira pes-soa em relação a pensamentos, crenças etc. Nesse sentido, sugiro que, a par-tir da ideia de deliberação, um caminho interessante para discutir a noção de autoconhecimento é investigar a experiência comunicativa cotidiana.
This essay presents the following three brief considerations on self-knowledge and transparency: a) transparency of the mental content is a cha-racteristic trait of self-knowledge; b) the epistemological treatment of trans-parency of content has obscured the notion of self-knowledge and the space this notions takes in the image we have of a person and human action, and; c) when I say to have a belief, transparency is not a logical or epistemic trait of the first-person speech, but more so an expression of the attitudes for which I am responsible. With this, I intend to suggest that self-knowledge is not knowledge (which can be theoretically justified and guaranteed), but a characteristic of the position of the first-person in relation with thoughts, be-liefs, etc. In this sense, I suggest that, parting from the idea of deliberation, an interesting path to discuss the notion of self-knowledge is to investigate every-day communicative experience.